20 junho 2008
17 junho 2008
12 junho 2008
10 junho 2008
MENOS INCENTIVO, MAIS CONSCIÊNCIA

Chama-me atenção a desenfreada atitude da classe artística em defender a existência da lei e seu aprimoramento. Não por parecer um movimento genuíno em busca de sobrevivência. Tal argumento trata-se de uma imensa falácia. Indigno-me com a postura dos artistas que se manifestam com tamanho vigor.
Teme-se, e isso é um fato, que um cancelamento, ou seja lá o que vier a acontecer, desestruture o sistema como os recursos são recolhidos juntos aos patrocinadores. Mas evidentemente esse não é o maior de todos os problemas.
A questão é outra. A manutenção da lei explicita a postura vigente do artista transformar a criação em produto. A produtificação da arte entende os resultados estéticos como objetos de troca. E aí está o engodo. Como explicar ao empresariado, ao espectador, que ao entrar num espetáculo ele está também consumindo algo? Como não cair na armadilha das comparações? Pra que investir milhares de reais em um show, já que quase nunca conseguimos nos lembrar, horas depois, dos patrocinadores, e não numa eficiente campanha em jornal?
A produtificação conduz ao distanciamento do principal aspecto que constitui importância à obra, seu valor imaterial, sua capacidade de apresentar novidades, outros discursos. Aí está o gancho principal. Sem nunca ter se emocionado com uma ópera, dificilmente o individuo comprará um CD ou DVD do assunto. Ou seja, o encontro possibilitado com uma linguagem estética amplia o interesse pelo o que o sensibilizara, capitalizando essa sensação em forma de produtos. Seja no exemplo de um CD, DVD, no interesse turístico, ou no reencontro com a linguagem mediante a freqüência de outros espetáculos, shows, etc.
Apresentar a arte, a cultura, como um meio de expandir as capacidades do público, através da ampliação de seu conhecimento, passa a ser um dos grandes argumentos para nos livrarmos da necessidade dos incentivos fiscais. Quando os empresários entenderem o desdobramento, inclusive monetário, dos investimentos em cultura, alcançaremos a maturidade dos nossos mecenas. E quem melhor que os artistas para modificar os paradigmas do mercado? Às vezes sinto falta de uma boa conversa com Andy Warhol.
04 junho 2008
CIA. DE TEATRO ANTRO EXPOSTO

Priscila, tem um dos melhores diálogos de sua geração, num texto eficiente e cirurgicamente preciso, transita entre o poético e o olhar agudo sobre as pessoas e a vida, consolidando numa capacidade ímpar em diagnosticar o que estamos nos tornando. Tiago é uma ótima surpresa. Iniciante, possui naturalmente qualidades buscadas por tantos artistas por aí. Consegue ser ingênuo e inteligente, ousado e limpo, numa interpretação que permeia o necessário e a humildade.
O que dizer mais? Bem-vindos, queridos, à Cia. de Teatro Antro Exposto. Hoje, com vocês, estamos mais completos.
RUY FILHO