Antro Particular

28 dezembro 2007

CARTAS QUE NÃO ESCREVI EM 2007


I

Caro Sr. Presidente,

Olhando para trás é quase inacreditável afirmar que 2007 teve apenas 365 dias. Entre discursos sem tempo para acompanhar, entrevistas não assistidas, fica a sensação do ano não ter sido dos melhores também para o senhor, ainda que os números demonstrem outra coisa. Mas números são números e sabemos bem disso. Justo, não é mesmo? Afinal, como todo bom brasileiro, a vida não está fácil.

A perda da CPMF deve tê-lo abalado, apesar das entrevistas nas quais afirma não ter o fato lhe tirado o sono. O que de certa forma me tranqüiliza, pois um presidente descansado e bem-disposto é tudo o que mais precisamos para o próximo ano.

Eu tive lá minhas insônias. Não é fácil quando não se pode comandar o destino, ficando à mercê de interesses sabe-se lá de quem e pra quê. Mas, hoje, dormirei, sim. Sem remorso. Consciente de ter feito o possível, de ter passado um ano bom.

Não pretendo viajar. E o senhor, vai mesmo para o Rio? Bom, isso não é da minha conta, mas, ainda correndo o risco de me intrometer demais, acho melhor o senhor não ir de avião. As coisas continuam desarranjadas. E nunca se sabe quando um outro pode cair, derrapar, não frear... Use um bom carro, um desses novos modelos. Ou então um mais antiguinho, daqueles do tempo de São Bernardo. Na volta, se não for pedir muito, o senhor poderia me trazer uma cópia dos filmes em lançamento por lá? Não pagar o frete já é uma ótima economia...

Gostei dessa idéia de não permitir mais o uso da língua estrangeira em estabelecimento comercial. Imagino que sinta a mesma frustração minha afinal nem todos falam outro idioma, e nem por isso somos menos que... que... o resto do mundo. Só acho confuso, então, quando a questão é o português. O de Portugal é estrangeiro ou não? Juntar tudo não é meio esquisito? Gosto da maneira como nossa língua se formula. Gosto de falar e escrever do nosso jeito. Eu sei, é um pouco complicada, o senhor tem razão. Vejo o senhor se atrapalhar e muitas vezes querer dizer uma coisa e sair outra. Mas essa é a graça da nossa língua! Há 500 anos falamos uns com os outros sem conseguirmos nos entender. Por isso acho bonito e até me emociono quando ouço o senhor se enrolar.

Um ano difícil, não é? O coringão na segunda divisão, as reformas que não foram feitas... E, em ambos os casos, é curioso perceber que a maior oposição era “si mesmo”! Descompassos de meio de campeonato. Vamos em frente! E se o timão foi pra segunda, o senhor vai pro terceiro. Tenho fé! 2010 já está no papo... Só é preciso acertar o meio-de-campo, trocar os atacantes e, quem sabe, arranjar um juiz camarada.

E nem tudo foi tão ruim assim. Pera lá! O Renan Calheiros foi uma vitória homérica. Tanto se quis, e ele vem se livrando caso a caso. Como o senhor desejou. Desculpe. Como o governo desejou... Essas coisas de “ser” e “estar” me confundem um pouco...

Mudando de assunto... Bonito o paletó enviado pelo Evo Morales, heim? Elegante. Gostei. Poxa, queria ter amigos assim também. Roupa importada...

Bom, presidente, 2008 está aí. Agora é com o senhor. Eu vou no ritmo que consigo e no que me permitem. Sempre esperançoso de serem minhas neuroses apenas neuroses. Só um último conselho, porém: aquela cachacinha de antigamente... fico triste que tenha parado. Havia certo destempero antes que era bem interessante.


II

Caro, Ivo Mesquita

Não nos conhecemos. Ou melhor, eu o conheço, mas o senhor certamente não tem a menor idéia de quem sou. Talvez porque eu tenha abandonado as artes plásticas logo no fim da faculdade e, portanto, nunca me dedicara a pertencer a esse universo. Sim, provavelmente seja por isso mesmo.

Lá por meados de 2000, ainda na FAAP, tudo estava muito chato. As galerias, os museus, as escolas, os professores... Nossa, quanta mesmice, quanto medo de enfrentar as questões reais! Por isso segui outros caminhos. Cansavam-me os discursos imbecilizantes sobre nada, ou quando muito, quase nada. E quase dez anos depois, como ainda estão tão vivos esses blá-blá-blás! Desliguei-me e pronto. O que mais me incomoda, ainda hoje, nas artes plásticas brasileiras, são os aspectos provincianos de querer se adequar aos movimentos internacionais. Perdemos nossa identidade. Não avançamos num processo amplo de construção simbólica. E como isso tem se mostrado evidente nas últimas bienais. Chega a assustar.

Quase me surraram, certa vez, quando disse que o artista brasileiro não tem o que dizer e, quando o tem, não sabe como.

Antes ia a cada edição das bienais seis, sete vezes, e passava dias inteiros a cada visita. Ultimamente, duas bastam e me ocupam poucas horas. Sempre me indagando: “ninguém vai mudar isso?”, “ninguém vai ter coragem de fazer alguma coisa?”. Não sou um dos neurastênicos em busca de novidades. Longe disso. Mas algumas mudanças, sobretudo de comportamento e ideologia, seriam de bom grado.

E aí vem o senhor! Claro, conheço o teu trabalho. Presenciei muita coisa. Mas como me surpreendeu tua postura! Como me estimulei a voltar para as artes visuais! Não, não pretendo criar nada, nem isso é um pedido de ajuda. Meu entusiasmo se dá na vontade do convívio com idéias. Como a primeira vez em que vi um quadro de Mondrian (e incompreensivelmente chorei) ou os parangolés de Hélio (e compreensivelmente sorri), os objetos de Beuys, as esculturas de Bourgeois, uma instalação de Peter Fischili, as performances de Marina, o cinema de Matthew Barney. Aos poucos fui elegendo aqueles cuja tradução estética dialogava com minha própria percepção. E, até então, poucos curadores caberiam em minhas mais otimistas listas...

Agora, deixar todo um andar do pavilhão vazio? Preencher outro apenas por livros e referências? Um procissão do Zé Celso?

Não sou mais tão novo, tenho meus 34, contudo, poucos para ter presenciado a sala vazia de Yves Klein, o silêncio do piano de John Cage e o desenho do Kooning apagado por Rauscenberg. Curioso, então, confirmo minha solidária presença para preencher a bienal, para participar desse grito tresloucado de intensa ousadia e ironia. Vou contigo. Na esperança de ver surgir em meio aos silêncios do vazio, das páginas e do acúmulo das multidões um movimento outro que traduza particularidades de nosso tempo e conduza a arte brasileira ao que de mais importante já possuíra: verdade.

Em um país em que bispo faz greve de fome para tentar ser ouvido, congressistas paralisam os trabalhos por politicagens absurdas, mecenas são máscaras de bandidos e a cultura limita-se a entretenimento, nada mais próprio que determinar a um dos seus instrumentos de reconhecimento internacional um período de quarentena. Temo apenas que as artes brasileiras estejam entrando igualmente em uma, e que esta não se dê em dias, mas em anos...

Parabéns, senhor curador. E que um dia, Ivo, consiga, enfim, apertar-lhes as mãos e agradecer por me trazer de volta.


III

Ivam, querido, como está Nova Iorque? Não poderia deixar de te agradecer o convite para participar no Satyrianas. Belo evento. Tantos nomes, tantos artistas, todas as idades, desconhecidos ao lado de monstros consagrados. O que mais me alegra é saber haver sim quem enfrente os dilemas da submissão mercadológica. E vocês realmente foram além de qualquer delírio possível.

É um suspiro de alívio reconhecer ainda haver quem se incomode com o comodismo fácil e arrisque a cara num verdadeiro projeto de democratização de pensamentos. Artistas são aqueles cujo incômodo é transformado em ação e não simplesmente em discursos pontuais. Aprendo cada vez mais com tua inquietação.

Que 2008 inicie em forma de ventania, trazendo novidades e recheando a vida de surpresas e caminhos outros. Beijos aos satíricos e, em especial, a Guzik e você.


IV


Gerald, espero que esteja bem...


V

Tivemos uma briga horrível ontem. Horrível, porque, talvez, brigar com você seja sempre a mais profunda dor. Horrível, porque, talvez, quase nunca brigamos um com outro. Horrível, por eu estar errado e te fazer chorar.

Não cabem desculpas, não cabem arrependimentos simples e pontuais.

Você me prova todos os dias o quanto eu sou pequeno, o quanto você é especial em suportar minha pequenez. O quanto você é linda... Nas poucas sobrancelhas a se erguerem denunciando estar brava, nos lábios apertados enquanto escreve alguma coisa, no sorriso maroto quando está preparando uma surpresa, nas pintinhas em seu rosto que me vigiam todos os dias enquanto durmo. Parece que tudo sempre está perfeito, porque você é perfeita.

É difícil se declarar durante 13 anos sem se tornar repetitivo. Mas volto a dizer: é muito fácil se apaixonar por você. E eu te amo.

Te amo porque me entende, te amo porque sempre me perdoa antes que lhe peça, te amo porque me faz compreender a vida, te amo porque nosso amor se constrói a cada dia. E cada briga, cada pequeno gesto, em cada surpresa.

Hoje, a manhã de sol estava linda. Você na piscina brincando com a água, fazendo-se menina outra vez. Adoro tua felicidade. E nada é capaz de me deixar mais feliz que te ver feliz.

Perdoe minhas incapacidades que tanto te tiram o sorriso.

Mas eu te amo, Patrícia, eu sempre te amo.

21 dezembro 2007

NÃO À CRUCIFICAÇÃO DO FREI LUIZ






M É É É É É É É É

Nós, mortais brasileiros,
e do mundo inteiro
Não podemos mais em pleno Natal
Deixar que seja Suicidado outro Bode Expiatório
Mais um Cristo? Precisa?!
Hoje? Em 2007-2008?!!!!

"São José também chorou,
São José também chorou,
Quando viu seu filho moço
Pregado numa cruz
Por Tanto Amor"
Cantando no chuveiro
essa música de Reizado no Sertão,
revi a cena da Crucificação antes dela consumada.
Como o mundo seria mais forte,
se aquela multidão de nossos ancestrais
tivesse decidido:

-"Pára tudo,
vamos tirar este homem da Cruz
que vergonha assistirmos este espetáculo
sem fazer nada!
Qual é Imperador Cezar!?
Pilatos, seja lá quem for?!
Vamos acabar com essa brincadeira?!"

Mas Multidão do Público presente na Cena
Não fez nada
E carregou a Culpa por 2007 anos

Frei Luiz Cappio
como Jesus
está tendo que fazer o papel de herói por nós todos
esta sendo a Voz dos que nunca são ouvidos
e pedem simplesmente ouçamos estas vozes
e as do Desvio,
antes que o Desvio afogue todas nossas vozes,
pela calada em que estaria sendo feito,
não fosse o ato político de Frei Luiz.

Nós mortais
Desta geração
Não vamos repetir a cena.

Nós Mortais, ainda Vivos
Incluo entre nós
Lula,
que tem ao lado de Getúlio,
sido o melhor Presidente do Brasil,
e por isso nós não podemos deixar
que como Getúlio,
carregue até depois de suicidado o fantasma da Morte de Olga Benário.
que tenha
sua Olga Benário,
na pessoa de Frei Luiz suicidado.
Nesse nós, me incluo eu,
mas também todos os técnicos, tecnocratas, cientistas, juízes, soldados, oficiais, operários, padres, ministros, artistas, políticos, ruralistas, todos, todos nós, todos.

Ouvimos em meio às confusões que o ritmo de loucura da devastação ameaça a Amazônia de ficar careca em 10 anos, e ouvimos também, silêncio ruidoso, geral, sobre o que queremos fazer com o Desvio do Rio.
A maioria do povo está por fora.

Porque os Governos, os Grandes Capitais, que gastam fortunas pra vender o seu peixe, não podem promover uma Campanha realizada pela população, em nome não da venda de seu peixe, mas do Interesse Comum, sobre os rumos do Brasil contidos neste DESVIO?

Vamos dar uma pausa pra meditação!… Stop!

Vamos parar pra ouvir o Frei Luiz
ele somente quer que ouçamos a todos que falam
por sua voz, que já nem no telefone mais fala.
E quer que falem, com o coração, também, os que querem Desviar o Rio.

Oxuns cantam o Rio
que os índios chamavam de Opará
e nós, brasileiros, chamamos de São Francisco.
Os povos ribeirinhos do Rio da Unidade Nacional
murmura vozes fluviais,
que todos nós sabemos,
nunca foram até agora ouvidas,
pros Grandes Projetos,
para este Desvio.

Nem as vozes dos seus defensores
tem seu Homero,
seu Euclides da Cunha,
cantando claramente o que querem fazer com o desvio,
pois o Caquético “Segredo continua sendo a alma do neg-ócio”.
Tudo bem se isso envolvesse um número reduzido de pessoas, mas
trata-se do Destino de Uma Nação poderosa que está em Jogo, não de
interesses egóicos de minorias dominantes.

Será que todos precisamos ainda deste herói pra chamar nossa atenção?
Pra abir nossos ouvidos tapados,
no meio ao estouro do rebanho urbano,
obcecado pelas compras de presentes de natal?
Desensibilizado, no ruído do trânsito parado, infartando as artérias das Cidades.
Quem está em estado de ComPaixão
com o que se passa no Rio São Francisco,
de seu nascedouro em Minas do muito querido neto de Tancredo, Aécio Neves, no meio Rio do Feliz Guerreiro Jacques Wagner, o primeiro a estar cara a cara com Dom Luiz, o que pelo voto derrubou uma Oligarchia que parecia eterna? Do Pernambuco do Governador Eduardo Campos, neto do lendário Miguel Arraes?
Em meio a este espírito ansioso, tão longe do que chamam natalino,
precisamos ainda deste herói
pra chamar nossa atenção
do desvairio de nosso desvio
do renascimento desta festa que tem mais de 2007 anos
desde que o menino Dionísio era acordado na noite de 24 para 25,
pra cantar o início de uma Nova Girada do Globo em torno do Sol?

"Infeliz o país que tem necessidade de heróis!
Infeliz o país que não tem heróis !"

Com nossa potência democrática
Podemos Fazer Parar a Cena
de Todas as Crucificações
E OUVIR
TODAS AS PARTES.

Aí libertaríamos o Bode de Frei Luiz
de seu papel de Herói
pra que ele possa Cantar seu Rio amado,
Vivo,
sem ser sacrificado.

A Democracia está pedindo a nós todos a Poética de um Plesbicito sobre este Ponto Decisivo do Desvio de uma Nação.

Se O Desvio for considerado imprescindível, generoso para o Meio Ambiente
para as pessoas que vivem no São Francisco,
para nós todos,
se for um Desvio para o Ouro de Oxum,
portador de prosperidade, fartura, beleza,
principalmente para os que vivem a vida do Rio,
as obras continuam,
abençoadas pelo prórpio Frei Luiz,
e ainda enriquecidas pela colaboração milionária das vozes dos que nunca são ouvidos por não terem
Lobby.
Este Lobby das vozes do povo tem sido o do Jejum do Frei Luiz, custando sua vida, tão preciosa quanto a de todos nós.

BraZilha neste centenário de Oscar Niemeyer vivo,
à porta de seu cinquentenário de cidade menina, foi criada e esculpida por Artistas que desenharam, riscaram no lugar o destino da Potência para a Política Brasileira.
Potência de Política como Arte, Política Beleza, Política exaltação da força da Vida.
Claro que a decadência transitória desta Arte, neste momento em que tão raras exceções a praticam, está exposta na sujeira da Capital do Brasil, nas construções que levam o nome de seus empreiteiros no topo de seus edifícios, nos prédios violando as normas de altura dos arranha-céus, geralmente monumentos tenebrosos dos grandes escândalos de Corrupção da Especulação Imobiliária aliada aos Lobbies de muitas personagem da Graqueza do Poder, e agora, pra somar: uma decoração de Natal de uma caipirice cafona, que fica por exemplo vilipendiante, como todas as outras “obras” citadas, diante das Curvas da Catedral que trazem a Majestade do deus da Criação, do deus da Imaginação, do deus da Beleza.

No Golpe de 1964 houve um Desvio no sentido Estético e Ético produtivo da nossa Capital, recém inaugurada.
Mas ontem, ouvia-se, e via-se,
o choro da Oxum Letícia Sabatella
abrindo seu abcesso na Praça Pública
dos 3 Poderes
ao saber da queda da liminar que impedia o Desvio.
Eu não me toquei que o julgamento era ontem.
Sabia mas me esqueci diante do que fui fazer em BraZilha.
Eu também lá estava, entregando o pedido de "Paisagem Cultural para Quixeramobim, terra de Antônio Maciel o Conselheiro e Canudos, sua maior obra." Canudos foi duas vezes destruída, e agora quer Renascer.
O que nos levou ao Sertão do Brasil, fazer “Os Sertões” com 27 horas de espetáculo, levando uma estrutura pomposa como o Barco transportando o Teatro de Ópera de Fitz Carraldo, foi lutar para o Investimento dos Poderes nesta região, para a Reparação de todos os males que, do Rio Grande do Sul ao Amazonas causamos. E motivados não somente para ver a Cidade Mártir teimosa, a 3ª Canudos, levantar-se, próspera, mas sobretudo para mim, pessoalmente, para nós, para curarmo-nos da negligência advinda dos massacres sucessivos de nossa história passada e de nossos dias que foram nos dessensibilizando. Era preciso penetrar nosso País de Dentro para sabermos cuidar, cultivar, nós mesmos.
Neste episódio do Desvio e de seu Herói temos a oportunidade de nós mesmos, brasileiros, nos curarmos, nos desmassacrarmos,
saciarmos nossa fome de Criação
de Amor, por nós mesmos,
e agirmos pra não carregar mais estes Bodes pro ano que entra.

Vamos fazer cantar o Bode, Animal Tótem do Sertão do São Francisco.
Vamos dar uma parada total pelo menos até a Semana Santa,
Vamos nos dar ao luxo destes meses para refletir rever ouvir, ouvir, ouvir, ouvir, ouvir, ouvir, ouvir,
E depois da Páscoa fazemos um Plebiscito
e decidimos
desviamos ou não.



Sampã 20 de dezembro de 2007

20 dezembro 2007

DESVIO DO RIO DESVIO DO BRASIL







Hoje, Frei Cappio foi encaminhado ao hospital, após desmaiar frente à confirmação do continuísmo das obras no Rio São Francisco.
Arnaldo Jabor, em sua crônica no Jornal da Globo, alertava para a falta de uma política clara e objetiva, e conduzia a questão entre um debate moral e pragmático.
O que me assusta, todavia, é a passividade distanciada do brasileiro. Enquanto se decide a vida de dezenas de milhões de outros, o sul caminha entre o capital e os festejos natalinos. Como se tudo estivesse bem. Como se as indústrias da seca e da água não estivessem enraizadas nos capachos de nossas portas, silenciosamente preparadas para invadir e ficar.
Novamente, Zé Celso. Outro manifesto. O mesmo? Não. O grito, sim. Pela vida, pela nossa vida. Pela possibilidade de navegarmos um futuro a ser construído. Seja ele qual for...

Beijos,
Zé.


RUY FILHO

Ió! Presidente Lula
Ió Mortais Brasileiros, e do Mundo Inteiro


O São Francisco é um Rio Sagrado.
Muito mais ainda agora que
o Frei Luíz Flávio Cappio
e a Legião das Marias
sobrevivem no seu 16º dia de jejum,
alimentado-se somente
do Vinho da Água Rio,
para que a sua Paixão:
o "Opará" dos Índios
o Velho Chico,
não seja assassinado.

O São Francisco é nosso Ganges
Nosso Santo Rio
Não pode morrer neste DESVIO.

Letícia Sabatella esteve ha dias,com o Frei Luís,
informou-me que neste momento
o Exército cerca o lugar onde está o Bispo,
traz uma Ambulância,
para arrancá-lo de lá,
a força.

É um atentado terrível
a todas as Liberdades
que o Agro-Negócio
a Indústria da Sêca
o Ministro Gedel Viana
estão impondo ao Povo Brasileiro
e aos seres humanos de todo mundo.

O Bispo somente pede
para que cessem, por um tempo,
as obras do desvio,
para que o Brasil
e nosso Planeta,
debatam esta questão,
para uma escolha democrática
que determine
se a obra deva ou não ser continuada.

A Democracía não supõe carta branca para os que elege.
Muitas vezes podemos discordar de tomadas de posicão que nossos proprios candidates tomam.
Daí o plesbicito e outras formas democráticas de atualisar-se
nosso consentimento democrático de povo eleitor.

Nesta situacão está em jogo a decisão
entre
o Modelo Suicida de Amor ás Finanças , já causador de danos irreparáveis a natureza,
e o “Sem Modelo” de crescimento econômico inspirado no Amor à Vida.

Não se pode Matar um Rio.

O próprio Bispo,
tem proposições técnicas objetivas,
econômicas,
desenvolvimentistas ,
ligadas
ao desejo de crescimento e prosperidade do povo,
dos Índios,
dos Brasileiros,
e Estrangeiros,
do Canudos
que formou-se em torno da sua ação santa,
heróica e muito corajosa.

O Brasil não está condenado e optar por um desenvolvimento,
dominado pelo Modelo Assassíno da Terra,
causador do Efeito Estufa,
de todos os males,
que somente agora,
neste 2007,
todos nós,de todas as classes, etnías, idades,países,
sentimos no nosso corpo,
nos climas, nas catástrofes,
no Corpo da Terra,nossa moradia,
no Corpo dos Mares e dos Céus.

Todo mundo hoje, sabe da Ecología,
porque sente sua falta agora, em seu nariz .

A Humanidade era até bem pouco tempo,
ignorante do dano causado por nós mesmos,
mas agora esses erros chegaram ao nosso Corpo
ao nosso Ar,
às nossas Ruas,
aos Campos,
transmutando-se em
VIOLÊNCIA GENERALIZADA.

O DESVIO DO SÃO FRANCISCO
É O CISCO QUE COBRE O MODELO ARISCO
ASSASSINO DA INDÚSTRIA DA SÊCA
PROMOTORA DA FECUNDA ARIDEZ
DA ESPECULAÇÃO FINANCEIRA

O Padre atua para fazer cair
este Modelo Predatório,
Violento,
Imposto a Força pela Aridez do Coração dos Especuladores Financeiros,
E Luta,
desperadamente
pra deixar o Rio correr
no sentido de Vida,
como é o nome do site dele

www.umavidapelavida.com.br

Eu estava estudando
o Rito da “Ethernidade de Luís”dia 23 no Teatro Oficina,
quando a atriz Giulia Gam me telefonou
e me pôs em contacto com nossa colega Letícia Sabatella, contagiada por sua estada com Frei Luíz .
A narrativa sincera, emocionada,de Leticia contagiou-me.

Espero contagiar também quem ficar sabendo
e que de todos os lados partam pedidos
poderosos,
ao Presidente Lula,
cada um a sua maneira.

Eu começo fazendo este :
que o Frei Luíz seja atendido por Médicos,
como ele deseja e precisa,
mas fique bem claro:
somente imediatamente após ,
a paralisação das Obras do Desvio.
Assim consiguiremos evitar assim mais uma Tragédya Brasileira Anunciada.


O Rito do 20º Ano da Ethernidade de Luís
será celebrado no Teat(r)o Oficina
dia 23 de dezembro as 14h30’
e será a partir destes acontecimentos,
dedicado a Dupla de LU(I)ZES
Dois BODES CANTORES

LUIS ANTONIO MARTINEZ CORRÊA
E
LUÍS FLÁVIO CAPPIO,
o Frei que hoje, dia 12 ,completa 16 dias de Jejum
para que não permitamos o Desvio da Vida,
pela Abstração de quem pensa na utopia de que somente o dinheiro resolve tudo.


José Celso Martinez Corrêa

M E R D A

12 dezembro 2007

O CORPO IMORTAL DO POETA LUÍS






Um belo poema. Suspiro de (re)volta e amor aos pra(n)tos dos brazys, pelo mais brasileiro português da escrita antropofágica de Zé Celso. Não me sobra muito a dizer. Fico na musicalidade da língua, nos espaços entre e dentre as palavras, nos versos de rimas que seguem a trajetória de lembranças.
Beijos, Zé, novamente beijos...
RUY FILHO

O DUPLO DO POETA
É O BODE CANTOR
ETERNO CORPO FÍSICO ETERNO



O Corpo Imortal de Luis
O Poeta Palhaço
TragiCômicOrgyástico
Do Theatro Musical Brazyleiro,
Dos Mistérios do Teatro Nô
Gêmeo de Brecht
A Camareira Saraka cantora na Alemanha clamava
“A Familha Brecht é de Araraquara!”

Transvive a mais de um Século de Facadas!
Quantas bastariam pra matar seu corpo de mortal?

E os assassinos apaixonados
Facadas
se perguntavam
Facadas
E quantas para Matar ?
Facadas
Suicidar?
Facadas
Concentradas?
Facadas
epifanisadas?
Facadas
nesse Corpo Luíz,
Facadas
sangrando sangue
Facadas
sangrando emanações ,
Facadas
vitais ,
Facadas
eróticas,
Facadas
homoeróticas,
Facadas
poéticas,
Facadas
cômicas,
Facadas
trágicas,
Facadas
musicais,
Facadas
Nesse corpo Luíz
Facadas
que não morre
Facadas
Apolo inCorporado
Facadas
impecável ,
Facadas
elegante
Facadas
sorriso largo constante
Facadas
Palhaço!
Facadas
Dionísios!
Facadas
Amante!
Facadas

Esse Corpo-Alma Enfeitiçado
Estava dentro dos Corpos Assassinos
ATerrorizados
Com a Beleza

Matar o que não Morre
Dentro ou fora dos Corpos Assassinos
Com Milênios de Facadas no Assassinado

Os Assassinos Tragicos Bodes
Que clamam
“Chega de Bode!”
Não se assumem Bodes
Guardam-se em Armários
Tentam suicidar o que está la dentro Escondido
O divino mortal apaixonado perdido.

A Origem da Musica no Vicente Celestino
No Theatro Musical Brasileiro
No Ébrio
ÉbrIÓS
Évios
Bode Cantor
O Bode Luís cantava Lulú
Lulú Salomé, de Nietzche, de Freud, de Jung
De qualquer Vagabundo
Lulú Luís
Cantava o Assassinato de Lulú por Jack , o Estripador
Na noite de Natal,
Aventurava o Canto deste Bode
Tinha no seu video cassette roubado
Louise Brooks Cabra Cantora de unico papel de sua vida:
Lulu :Imortal no filme Imortal do cineasta alemão dos anos 30:
Pabst


O Grupo de Assassinos Matou o mortal Luis
O destino não deu o Tempo
que Luis dirigisse Fernadinha Torres Cantando o Bode Lulú no Teatro
Talvez se a peça chegasse a ser montada a tempo
Não acontecesse o sacrificio desse Grande Bode Artista Cantor
Mas os Assassinos conseguiram matar tambem
Pela falta de confiança que a maioria dos artistas tem no Poder do Teatro,
A montagem de “Lulú”
Que valería pela Paz, mais que cem passeatas de branco com velas brancas.

Muitos quiseram esconder no Armário Guardado
o Corpo do Assassinado
na noite do nacimento de Jesus
Mas os Bodes e as Cabras Baliram
Dona Lina Martinez Corrêa ,nossa Mãe de Sangue
Dona Lina Bardi , nossa Iniciadora
Muitos quiseram expor
E foram presenciar
o Corpo no Teatro Laura Alvim
de Dionisios,
Xangô Menino,
acordado na Madrugada
pelas Bacantes do Hemisfério Norte
há mais de 2000 e 500 anos solares.

Luís nasceu no Tropico das Cabras, no Hemisfério Sul
No dia do Ano Novo, do Natal abaixo do Ecuardor
Ele e João,meu outro irmão,Poeta da Arquitetura,
nasceram no mesmo dia 24,
quando o Sol começava a distanciar-se de nós,
Corpos do sul do Globo.

Quando Luis nasceu e, 1950,fazia frio , era Natal de São João
Quando foi morto, dia 23 de dezembro as 14h30’fazia muito calor,
O Corpo foi descoberto por um Policial que arrombou as portas do apartamento
quando era Natal do Império do Hemisferio Norte
e como sempre aqui no Sul Tambem.
Luis bateu nos nossos dois Natais
Com a Vida e com a Morte
E A Ethernidade do Corpo de Sua Poesía
Incorporada em nossos Corpos de Bodes Trágicos Cantores
Que vamos Cantá-lo
Ethernamente
A maneira de Nara Leão a cantora que mais Luís amava,
No tom da musica predileta dele
Speak Low

A Luiz (como dizem os cariocas seu nome)
Retorna agora forte,
na Cena Tragica do Natal de 1987
ilumina o Inferno.
Eu
Minha mãe,
Meus irmãos
Irmãs
Sobrinho(a)s,
Amigos
Primos,
Muitíssimas pessoas que Adoravam Luís
Perguntavam
Porque?
E Porque mais de 100 facadas?


Eu estava terminando de ler a Bio-grafía
De Oswald de Andrade
Da Bíomééécológrafa Maria Augusta Fonseca

Na Cena da Morte no Ostracismo,
do Nosso Zeus Bode Cantor
de olhos azuis Iemanjá ,
comPassionado vivi minha Morte
a de Luís, a de Cacilda, a de Glauber,
a dos Bodes Cantores como Oswald
a de ReOsvald seu filho Paulo Marcos,
RimbOswald
Cara, corpo, olhos, talento,deboche, poesia do Pai
Acidentado aos 18 anos,
Ouvei os gritos da nossa Maria Antonieta ,
a Alkimim, mãe de Pauloswald
Se jogando pela janela.


É o misterio da Antropofagía
Em contraste com o Baixo Assa-cinismo
Os que não conseguem Comer ,
a Carne Humana dos Poetas.
Luís ,Dionisio
Corpo de Minotauro
Quiseram matar.

Quem não come
quis,
quer,
Matar
Matar em sí,
a Paixão.

Mas este Corpo que,
com quase um século de facadas,
reexiste,
como

Comemos

Não é que comungamos,
é que ele,
este Corpo.
inCorpora-se
no nosso corpo

Eu quero cada vez mais
o Corpo Mortal e o Imortal de Luis,
dentro do meu Corpo Mortal de 70 anos,
suportados por meu Corpo duplo de Poeta,

Como Luis
como todos os Bodes Cantores,
em nós cabem todos os Bodes Poetas de Todos os Tempos.
no Escandaloso Canto da Paixão da Alegria Erótica!

Getulio Vargas
O Patriarca
Deu no Brasil a origem desta dinastía
Suicidou o Patriarcalismo
E deixou para o Coro de Bodes
A Carta Testamento

Meu Filho,
te vira
teu pai se suici-doou
foi até onde deu,
Toma que o filho é teu
O Imperio tem um golpe engatilhado,
Mas meu corpo eu dou,
pra ser este golpe
por 10 anos adiado

e assim,

o
“Pai dos Pobres”
Virou Mãe
Pariu dez anos
Da vida da nossa geração
Porra louca,bossa nova,cinema novo, teatro de arena, oficina,
Plinio Marcos, Helio Oiticia, Zé Vicente,
Criou-se, um chiqueiro sem cercas, de ovelhas negras
Como o que eu vi com meus olhos
Em Joazeiro, a beira do São Francisco

No enterro de Carmem Miranda
De Garincha
Os Corpos de Luis e Paulo Marcos
Incorporados no Corpo do Coro da Tragédya Brazyleira
que traz o Qorpo Santo
que os Assassinos, não souberam Comer em Luís

Eu venho de perto do Rio da Sombra da Paixão
Dos Indíos, o “Opará”
O Velho Chico
Do Bode Cristão
Bode Bispo Luis Flavio
Que Faz Cantar Seu Estomago Vazio
Com um Coro Cuicando o Desvio
do SãoFrancisco
Alimentados só pela agua do Rio
Corpo do Fisico do Poeta
Do Santo
de Lorca a Luís,
de Luis Flavio
do Coro Jejuante das Marias
A alma física do Santo, do Poeta
do Herói
do Anti-herói,
persiste

E nós Comemos pelos que jejuam
Nós reforçamos estes Corpos Vivos
Com o Vinho de Luís de 20 anos
Agora,
Hoje
E no dia 23,
Encontrado no dia 24

O Corpo na Campa do Cemitério de Araraquara
Ebrio Comido renascido dos vermes de Terra.

O Corpo do Sangue dos lençois sêcos da cama d’Ele,
queimados na Praia enfrente ao Cassino da Urca
emparedado pro Mar

O Corpo Ritualizado pelos Coros dos Corpos,
Ditirambando batidas dos Tambores da Noite do Ogan Sergipe
Misturada aos Coros dos Musicais dos Bodes de Todos os Theatros
de Araraquara
de São Paulo,
do Rio.
O Corpo de Marcelo Drummond
São Sebastião Nú,
Vestido com minha Mascara Mortuária de irmão parecido de Luis ,
Feita pelos atores de seu ultimo espetaculo “Taniko “
e com flexas de mais de 100 facadas,
que foram sendo retiradas,
uma a uma
desferidas,
misturadas as cinzas de Luís,
numa Cumbuca levadas por MarCelo Sebastião Liberto Dionisios á Mar
pros Peixes da Guanabara
no dia de São Sebastião de Euclides da Cunha
do Rio , dia 20 de Janeiro de 1988.

Durante 19 anos,
todos os dias 23 de dezembro, as 14h.30’
cultivamos na agricultura teatral este Corpo
chamamos dia da Ethernidade de Luís
nós , da Associação Cambiante
Teatro Oficina Uzyna Uzona
tiramos férias depois desse dia.

Estes ritos inspiraram sempre
Nossos anos sequentes.
As emanações imortalisadas deste Corpo ,
vem trazendo a dificílima
mas poderosíssima revolucão cultural brazyleira antropofágica,
vivida em nossos Corpos.
Os vestigios de Luís, “essa bichona assasinada”
como na Radio gritava o Atanásio,
em seu Armario Boçal ,vem nos inspirando todos os fins-começo de ano.

Neste 23 de dezembro de 2007

Todos os Sac(r )ifi-suicidados
Assassinados
Não devorados
Não comidos
Todas estas Ovelhas Negras
São hoje não um enorme Chiqueiro como eu ví
Proximas ao Bairro de Joazeiro “Piranga”,
Ex “Ypiranga”
Onde Gilberto João e seu Violão
deram os seus primeiros Cantos de Bodes Speak Low
ás Margens do São Francisco ,
começando a tirar a cera de nossos cadaverizados ouvidos.

Não estamos mais sós ,no meio de ovelhas brancas,
Somos muitas, de todas as cores, e não queremos mais ser sacrificadas
Faremos tudo para merecer mais ainda o sacrificio,
fora de todos os chiqueiros.
Nossa revolução Cultural ,vem pra acabar com os sacrifícios
Não somente dos sacrificados , mas dos que sacrificam.

Nossas Bombas , nossos Berros Cantantes
Botam abaixo muitos Armários .
Prateleiras, Cofres, Segredinhos.
Talvez até criem-se outros Grilhões e Máscaras,
dos que não conseguirem suportar a crueldade da virada
que o Teatro exige de transmutar o Tabu em Totem.
Mesmo dentro da nossa propria Associação Teatral,
como os que desertam sem terem desejado todas as curvas,
e vão formar , ao lado dos “Grupos de Odio”,
os “Hate Groups”da sociologia Americana.

Luís este ano comparece com o Qorpo da Sua Dramaturgia ,
seu Conto de Fadas:
“Cypriano & Chan-ta-lan”
ou “Folias e Sensações de 1973”
peça proibida pela Censura
que eu tive a sorte de ver encenada num cubículo de uns 3x3:
o Laboratorio de Fotografía do antigo Oficina da Companhía Ltda,
com Luís dirigindo minhas sobrinhas Anas:
Flora-Helena-Lúcia,
alunos do Colegio onde ele dava aulas de Teatro,
Cenografado, Figurinado, pela Diva Protagonista de sua futura Companhia
o “ Pão e Circo”
Ana Lú Prestes com quem Luis divide a autoria
do Poema Mágico Tragico Farsesco Musical


Vamos em menos de 15 dias,
fazer um Ensaião-Rito Aberto ,
juntar os Corpos que querem viver esta Paixão,
por amor a ela, Paixão,
e depois o Bexigão vai montar com todo rigor
no tempo que necessário for.

Vou ler a peça agora com o Bode Lucas Weglinski
que está estudando a Paixão de Luís,
Pra saber como resumir e apresentar este acontecimento,
nesta digitação ,
que quero inspirada pelo Corpo que não morreu nem com 107 facadas.
Eu quero entortar essas facas,

as que matam
e as que não matam.



Dia de Iemanjá 8 de dezembro de 2007

M E R D A