Antro Particular

28 abril 2008

Satyros Sons e Furyas convida Sérgio Sant'Anna

Sons e Furyas, coordenado por Vanessa Bumagny e André Sant’Anna,
unindo canto, som e poesia a uma postura irônica e provocativa,
recebe hoje, no Espaço dos Satyros 2,
o poeta Sérgio Sant'Anna,
autor de Junk-Box, de 84, dentre tantos outros importantes títulos.
Imperdível noite de festa, diversão e acidez crítica.

16 abril 2008

Indicação: Diálogo Inútil do Abismo com a Queda

César Ribeiro divide comigo, entre outros articulistas,
as reflexões sobre teatro e cultura no site Guia da Semana.
Diálogo Inútil... é a oportunidade de nos aproximarmos
ainda mais de suas reflexões.
Em um modismo de comédias e trabalhos mercadológicos,
César representa um bom caminho para os que
verdadeiramente buscam na arte algo além da mera diversão.
Inquieto, reflexivo, como todos os artistas deveriam ser.


13 abril 2008

Lançamento do curta Café com Leite

Premiado com o Urso de Cristal, em Berlim,
Café com Leite terá exibição esta semana em São Paulo.
No elenco, Diego Torraca,
com quem tenho o prazer de dividir uma companhia de teatro.

11 abril 2008

AULA MAGNA DE ZÉ CELSO

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FESTIVAL DE CURITIBA: apontamentos de outras possibilidades

Entre quinta e domingo, acompanhei o início do Festival de Curitiba. Com um novo formato, expandindo suas atuações para além da Mostra Oficial e Fringe, a nova cara do evento revela simultaneamente o desgaste das fórmulas comuns e a necessidade de construção de outros parâmetros. Neste ano, os dois preceitos surgem como grito de socorro, neste que é um dos mais relevantes festivais do país.

Nem lá nem cá, todavia. A fórmula continua em seus aspectos tradicionalistas, sobretudo quanto à estrutura organizacional dos espetáculos, enquanto as novidades esperam alcançar o interesse popular.

Durante os quatro dias primeiros, alguns aspectos já se revelam interessantes. Não faltam, como sempre, espetáculos amadores e estudantes em vários estágios ou recentemente profissionalizados. O que se vê, diferente de edições passadas, é uma melhoria qualitativa principalmente na consciência do intérprete em sua relação com o teatro. Maior preocupação com a eficiência técnica, com o discurso estético, independentemente das correntes e conceitos, traduzem, em certo aspecto, um amadurecimento do jovem ator no que se refere ao fazer teatro e a sua opção por ter a arte como profissão.

Ainda que muitos patinem sob a ingenuidade do discurso juvenil, há, na valorização da inquietação, o gosto esperançoso do teatro retornar do abismo qual fora lançado por gerações de atores, dramaturgos e diretores objetivados pela mera inclusão mercadológica.

Se, em um lado, os espetáculos são mais atraentes em seus defeitos e equívocos, no outro, a resposta do público mostra-se igualmente estimulante. Quando participara do festival, em meados de 2000, a consciência de ser uma boa platéia a formada por quinze pessoas reiterava as dificuldades em participar do Fringe. Hoje, poucos eram os espetáculos cujas cadeiras não se ocupavam em cinqüenta. Valoroso impacto da aceitação dos temas mais controversos e cenas voltadas às pesquisas de linguagem.

Problemas como a não presença de Gerald Thomas, anunciado para uma palestra, e a quebra do projetor, durante a apresentação de Vestido de Noiva, dos Satyros, levando-a ao cancelamento, traduzem o quão difícil é reestruturar problemas já cristalizados. Não há um culpado, pois não se trata somente disso. As deficiências de agora são latências históricas de mais de uma década e por tanto tempo permitidas e aceitas pelos próprios artistas participantes. É preciso comungar a responsabilidade pelos problemas, sugerir e exigir reformulações, advertir conseqüências.

Enquanto, esta semana, artistas se reúnem pela luta de um incentivo Estadual para as artes cênicas, erguendo os punhos, no centro de São Paulo, os novos e anônimos permanecem em Curitiba realizando, por uma outra via, igual política de sobrevivência, dando existência à arte não pelo paternalismo governamental, mas pela realização desprovida de qualquer outro interesse que não,e apenas, o sonhar.

Não há certo ou errado, melhor ou pior. Cabe ao Estado, em seus mais diversos níveis, o desenvolvimento de mecanismos de apoio e efetivação das artes. Mas, em 2008, a garotada no Fringe, com todos os seus erros e ingenuidades, entusiasmam-me muito mais.

XI Encontro de Dirigentes Culturais – parte 2: A posição do Estado

Dois novos museus: Cata-vento (destinado ao universo da criança) e o Museu da História de São Paulo; a criação da São Paulo Cia. de Dança, corpo estável de dança clássica, aos moldes da Osesp; implantação de nove centros culturais em distritos de “alta periculosidade”; distribuição na rede de ensino pública de 2,5 mi de ingressos de filmes nacionais; aumento de 13 para 20 municípios participantes na Virada Cultural; e para 50, as cidades integradas no Circuito Cultural Paulista; viabilização de projetos, através da disponibilização de 18 mi pelo PAC.

São esses os focos do Estado quando perguntamos sobre sua agenda cultural. Os dados revelam os interesses do governo, como o investimento no acesso aos filmes e a soma de 74% do orçamento para a área de música, incluindo aí conservatórios, sinfônicas, festivais e Projeto Guri.

Ainda que aparente uma busca por democratizar o acesso ao bem cultural e uma preocupação com a qualidade do ensino da arte em processos educativos, outros aspectos nos auxiliam a desvendar qual ser de fato a vontade política do Estado.

Falou-se muito sobre a importância de procedimentos de inclusão do jovem, de garantir-lhes o acesso a bens culturais. No entanto, os ingressos de cinema, por exemplo, visam apenas os municípios cujo mercado seja de interesse dos parceiros: as próprias produtoras e distribuidoras.

Desta maneira, cidades menores acabarão aleijadas do benefício por sua tímida capacidade em transformar estudantes em potenciais mecanismos de divulgação. Ora, quanto menor o público disponível menor a necessidade de investimento por parte das distribuidoras, uma vez que o lucro se constrói proporcionalmente.

Sobre o crescimento de cidades participantes na Virada e Circuito Culturais não ser extensivo à totalidade, argumentara o Secretário João Sayad que faltariam artistas e públicos para compor os eventos, optando então por grandes centros, apenas.

São incalculáveis os artistas que se frustram insistentemente pela ausência mínima de um local para se apresentarem. A afirmação se confunde aqui entre o desconhecimento alienável dos fatos e a avaliação qualitativa das manifestações, algo incabível ao Governo, já que a Virada, por exemplo, trata-se de uma festa comunitária, priorizando a “retomada da cidade e o convívio urbano no espaço público”, segundo o Secretário.

Sobre a importância de se criar um corpo estável de dança clássica, diz ele que “existem no Estado mais academias de dança do que de ginástica. Este é, então, o momento para isso”.

Ao fim, parece claro o desenhar de uma política cultural que priorize as associações com indústrias culturais e a inclusão aos modismos vigentes, posicionada por certo tom de distinção entre alta/baixa cultura, enquanto somam-se esforços por definir processos educativos, estabelecendo as metodologias para o que se entende por bons resultados.

Ainda que existam pessoas incríveis envolvidas, projetos importantes como o Guri, devemos nos atentar as parcerias efetivadas, ao apreço pelos instrumentos de elitização da Cultura, à subestimação dos pequenos processos. Por serem distantes e utópicos os objetivos, é fácil nos apegarmos a atalhos. E uma vez erguidos edifícios, formalizadas as instituições, determinados os participantes, dificilmente conseguiremos inverter os resultados.

Não é curioso como todas as propostas vinculam-se diretamente a maior quantidade de habitantes para a escolha dos municípios agraciados?