Antro Particular

21 novembro 2009

Chama o barbeiro de volta

William Waack foi ao Teerã conversar com o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad. Em quase todas as respostas, as palavras Brasil e amigo são pronunciadas em uma fala baixa e lenta, atenta ao entrevistador. A cordialidade traduz o que deverá ser o encontro na próxima segunda entre Mahmud e Lula. O presidente de lá aceita nossas críticas sem muito se dar ao trabalho de rebatê-las. Os iranianos adoram o estilo dos nossos jogadores de futebol, revela em doce sorriso. Só que a doçura diabética insiste sobre a chacina nazista ser um problema restrito europeu, que os gays vão acabar com a humanidade e gerar novas doenças, que devemos dar-lhe as mãos e caminhar pelo futuro e independência nuclear.

As diferenças entre os dois presidentes são muitas e nenhuma. Ambos, quando sem respostas, voltam aos campos de batalha vestindo chuteiras. Quem não se lembra de alguma das particulares metáforas futebolísticas da barba tupiniquim? Também a barba dos aiatolás optou por esse caminho em meio ao espancamento do povo, enquanto se esforçava para se manter na cadeira de titular após sua reeleição. Talvez devêssemos marcar esse encontro no Morumbi, pelo menos nesse campo faz-se necessário a presença do árbitro, já que em Brasília, convenhamos, as apostas estão manipuladas, desde o início, para o empate.