UM ESCRITÓRIO DEVE TER JANELAS AMPLAS
Não pude estar no encontro da comissão organizada pela Gazeta, com artistas de diversas áreas, no último dia 5. Acompanhei pelo jornal o surgimento da proposta de criar em Ribeirão uma agência cultural, com intuito maior de profissionalizar os agentes culturais. Distante e penetra, então, deixo aqui minhas opiniões.
É fato o pouco conhecimento técnico dos meandros de elaboração de um bom projeto por parte de seus propositores. Muitos sequer conseguem viabilizar a inscrição nas leis de incentivo por não a redigirem corretamente, perdendo-se em detalhes burocráticos e números incompreensíveis. Um escritório que possibilite a terceiros maior esclarecimento das variantes de cada legislação será, de fato, de bom grado a todos. Ganham os artistas iniciantes ou não familiarizados com as regras; ganha a cultura local com maior capacidade de efetivar projetos e expandir a cultura para abordagens mais ecléticas.
Contudo, entender a produção como um recurso a ser obtido, tendo fórmulas por parâmetro, é escorregar para dentro das armadilhas que há muito lutamos para fugir. Grandes capitais como, por exemplo, Londres, Paris, Berlim, Madri e, por aqui, São Paulo, discutem, na última década, como entender e tratar a produção, que não meramente um mecanismo de gerenciamento de recursos.
Teóricos confrontam conceitos como democratização cultural, economia da cultura, sustentabilidade cultural e produção criativa, tendo seus argumentos como explicativos sobre a falência da cultura.
Para os democratas, a cultura deve voltar a ter fundamentalmente a capacidade de abordar segmentos sociais desprovidos de acesso imediato. Para os economistas, deve valer da realidade de capitalizar riquezas, trabalhos e contextos de negociação entre sistemas culturais, objetivando o lucro real. Já os defensores da sustentabilidade entendem ser primordial à cultura o desenvolvimento de processos cuja realidade estabeleça mecanismos de continuidade e desdobramentos sem a necessidade de novos financiamentos. Por fim, a produção criativa contrapõe-se propondo o elaborar associativo entre valores imateriais capazes de concretizar a manifestação cultural sem a dependência inicial de recursos monetários.
Embora tais propostas sejam em alguns itens claramente conflitantes em suas origens, todas admitem a necessidade de revisão dos mecanismos de acesso aos recursos produtivos.
Uma agência cultural, portanto, fundamentada na proposta de orientar produtores e artistas ao correto preenchimento de lacunas de um projeto-modelo, partindo de idealizações, limitar-se-á a padronizar a linguagem e a construção de arquivos ilusórios. Pois nem todos os projetos obterão os recursos desejados, e isso já não mais por suas deficiências estruturais. É preciso distanciar-se dos instrumentos atuais e suas cartilhas para perceber que a falta de patrocínio e interesse pelos projetos não residem apenas na má formulação das idéias, e sim no distanciamento e desinteresse das pessoas pelos bens culturais.
Tal escritório, portanto, mais do que uma necessária estrutura organizacional, necessita fazer-se com um olhar cuidadoso sobre a realidade. Do contrário, tanto quanto qualquer outro organismo sistêmico, estará, já em sua nascença, fadado ao ostracismo e às vontades do mercado.
É fato o pouco conhecimento técnico dos meandros de elaboração de um bom projeto por parte de seus propositores. Muitos sequer conseguem viabilizar a inscrição nas leis de incentivo por não a redigirem corretamente, perdendo-se em detalhes burocráticos e números incompreensíveis. Um escritório que possibilite a terceiros maior esclarecimento das variantes de cada legislação será, de fato, de bom grado a todos. Ganham os artistas iniciantes ou não familiarizados com as regras; ganha a cultura local com maior capacidade de efetivar projetos e expandir a cultura para abordagens mais ecléticas.
Contudo, entender a produção como um recurso a ser obtido, tendo fórmulas por parâmetro, é escorregar para dentro das armadilhas que há muito lutamos para fugir. Grandes capitais como, por exemplo, Londres, Paris, Berlim, Madri e, por aqui, São Paulo, discutem, na última década, como entender e tratar a produção, que não meramente um mecanismo de gerenciamento de recursos.
Teóricos confrontam conceitos como democratização cultural, economia da cultura, sustentabilidade cultural e produção criativa, tendo seus argumentos como explicativos sobre a falência da cultura.
Para os democratas, a cultura deve voltar a ter fundamentalmente a capacidade de abordar segmentos sociais desprovidos de acesso imediato. Para os economistas, deve valer da realidade de capitalizar riquezas, trabalhos e contextos de negociação entre sistemas culturais, objetivando o lucro real. Já os defensores da sustentabilidade entendem ser primordial à cultura o desenvolvimento de processos cuja realidade estabeleça mecanismos de continuidade e desdobramentos sem a necessidade de novos financiamentos. Por fim, a produção criativa contrapõe-se propondo o elaborar associativo entre valores imateriais capazes de concretizar a manifestação cultural sem a dependência inicial de recursos monetários.
Embora tais propostas sejam em alguns itens claramente conflitantes em suas origens, todas admitem a necessidade de revisão dos mecanismos de acesso aos recursos produtivos.
Uma agência cultural, portanto, fundamentada na proposta de orientar produtores e artistas ao correto preenchimento de lacunas de um projeto-modelo, partindo de idealizações, limitar-se-á a padronizar a linguagem e a construção de arquivos ilusórios. Pois nem todos os projetos obterão os recursos desejados, e isso já não mais por suas deficiências estruturais. É preciso distanciar-se dos instrumentos atuais e suas cartilhas para perceber que a falta de patrocínio e interesse pelos projetos não residem apenas na má formulação das idéias, e sim no distanciamento e desinteresse das pessoas pelos bens culturais.
Tal escritório, portanto, mais do que uma necessária estrutura organizacional, necessita fazer-se com um olhar cuidadoso sobre a realidade. Do contrário, tanto quanto qualquer outro organismo sistêmico, estará, já em sua nascença, fadado ao ostracismo e às vontades do mercado.
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