Antro Particular

12 dezembro 2007

O CORPO IMORTAL DO POETA LUÍS






Um belo poema. Suspiro de (re)volta e amor aos pra(n)tos dos brazys, pelo mais brasileiro português da escrita antropofágica de Zé Celso. Não me sobra muito a dizer. Fico na musicalidade da língua, nos espaços entre e dentre as palavras, nos versos de rimas que seguem a trajetória de lembranças.
Beijos, Zé, novamente beijos...
RUY FILHO

O DUPLO DO POETA
É O BODE CANTOR
ETERNO CORPO FÍSICO ETERNO



O Corpo Imortal de Luis
O Poeta Palhaço
TragiCômicOrgyástico
Do Theatro Musical Brazyleiro,
Dos Mistérios do Teatro Nô
Gêmeo de Brecht
A Camareira Saraka cantora na Alemanha clamava
“A Familha Brecht é de Araraquara!”

Transvive a mais de um Século de Facadas!
Quantas bastariam pra matar seu corpo de mortal?

E os assassinos apaixonados
Facadas
se perguntavam
Facadas
E quantas para Matar ?
Facadas
Suicidar?
Facadas
Concentradas?
Facadas
epifanisadas?
Facadas
nesse Corpo Luíz,
Facadas
sangrando sangue
Facadas
sangrando emanações ,
Facadas
vitais ,
Facadas
eróticas,
Facadas
homoeróticas,
Facadas
poéticas,
Facadas
cômicas,
Facadas
trágicas,
Facadas
musicais,
Facadas
Nesse corpo Luíz
Facadas
que não morre
Facadas
Apolo inCorporado
Facadas
impecável ,
Facadas
elegante
Facadas
sorriso largo constante
Facadas
Palhaço!
Facadas
Dionísios!
Facadas
Amante!
Facadas

Esse Corpo-Alma Enfeitiçado
Estava dentro dos Corpos Assassinos
ATerrorizados
Com a Beleza

Matar o que não Morre
Dentro ou fora dos Corpos Assassinos
Com Milênios de Facadas no Assassinado

Os Assassinos Tragicos Bodes
Que clamam
“Chega de Bode!”
Não se assumem Bodes
Guardam-se em Armários
Tentam suicidar o que está la dentro Escondido
O divino mortal apaixonado perdido.

A Origem da Musica no Vicente Celestino
No Theatro Musical Brasileiro
No Ébrio
ÉbrIÓS
Évios
Bode Cantor
O Bode Luís cantava Lulú
Lulú Salomé, de Nietzche, de Freud, de Jung
De qualquer Vagabundo
Lulú Luís
Cantava o Assassinato de Lulú por Jack , o Estripador
Na noite de Natal,
Aventurava o Canto deste Bode
Tinha no seu video cassette roubado
Louise Brooks Cabra Cantora de unico papel de sua vida:
Lulu :Imortal no filme Imortal do cineasta alemão dos anos 30:
Pabst


O Grupo de Assassinos Matou o mortal Luis
O destino não deu o Tempo
que Luis dirigisse Fernadinha Torres Cantando o Bode Lulú no Teatro
Talvez se a peça chegasse a ser montada a tempo
Não acontecesse o sacrificio desse Grande Bode Artista Cantor
Mas os Assassinos conseguiram matar tambem
Pela falta de confiança que a maioria dos artistas tem no Poder do Teatro,
A montagem de “Lulú”
Que valería pela Paz, mais que cem passeatas de branco com velas brancas.

Muitos quiseram esconder no Armário Guardado
o Corpo do Assassinado
na noite do nacimento de Jesus
Mas os Bodes e as Cabras Baliram
Dona Lina Martinez Corrêa ,nossa Mãe de Sangue
Dona Lina Bardi , nossa Iniciadora
Muitos quiseram expor
E foram presenciar
o Corpo no Teatro Laura Alvim
de Dionisios,
Xangô Menino,
acordado na Madrugada
pelas Bacantes do Hemisfério Norte
há mais de 2000 e 500 anos solares.

Luís nasceu no Tropico das Cabras, no Hemisfério Sul
No dia do Ano Novo, do Natal abaixo do Ecuardor
Ele e João,meu outro irmão,Poeta da Arquitetura,
nasceram no mesmo dia 24,
quando o Sol começava a distanciar-se de nós,
Corpos do sul do Globo.

Quando Luis nasceu e, 1950,fazia frio , era Natal de São João
Quando foi morto, dia 23 de dezembro as 14h30’fazia muito calor,
O Corpo foi descoberto por um Policial que arrombou as portas do apartamento
quando era Natal do Império do Hemisferio Norte
e como sempre aqui no Sul Tambem.
Luis bateu nos nossos dois Natais
Com a Vida e com a Morte
E A Ethernidade do Corpo de Sua Poesía
Incorporada em nossos Corpos de Bodes Trágicos Cantores
Que vamos Cantá-lo
Ethernamente
A maneira de Nara Leão a cantora que mais Luís amava,
No tom da musica predileta dele
Speak Low

A Luiz (como dizem os cariocas seu nome)
Retorna agora forte,
na Cena Tragica do Natal de 1987
ilumina o Inferno.
Eu
Minha mãe,
Meus irmãos
Irmãs
Sobrinho(a)s,
Amigos
Primos,
Muitíssimas pessoas que Adoravam Luís
Perguntavam
Porque?
E Porque mais de 100 facadas?


Eu estava terminando de ler a Bio-grafía
De Oswald de Andrade
Da Bíomééécológrafa Maria Augusta Fonseca

Na Cena da Morte no Ostracismo,
do Nosso Zeus Bode Cantor
de olhos azuis Iemanjá ,
comPassionado vivi minha Morte
a de Luís, a de Cacilda, a de Glauber,
a dos Bodes Cantores como Oswald
a de ReOsvald seu filho Paulo Marcos,
RimbOswald
Cara, corpo, olhos, talento,deboche, poesia do Pai
Acidentado aos 18 anos,
Ouvei os gritos da nossa Maria Antonieta ,
a Alkimim, mãe de Pauloswald
Se jogando pela janela.


É o misterio da Antropofagía
Em contraste com o Baixo Assa-cinismo
Os que não conseguem Comer ,
a Carne Humana dos Poetas.
Luís ,Dionisio
Corpo de Minotauro
Quiseram matar.

Quem não come
quis,
quer,
Matar
Matar em sí,
a Paixão.

Mas este Corpo que,
com quase um século de facadas,
reexiste,
como

Comemos

Não é que comungamos,
é que ele,
este Corpo.
inCorpora-se
no nosso corpo

Eu quero cada vez mais
o Corpo Mortal e o Imortal de Luis,
dentro do meu Corpo Mortal de 70 anos,
suportados por meu Corpo duplo de Poeta,

Como Luis
como todos os Bodes Cantores,
em nós cabem todos os Bodes Poetas de Todos os Tempos.
no Escandaloso Canto da Paixão da Alegria Erótica!

Getulio Vargas
O Patriarca
Deu no Brasil a origem desta dinastía
Suicidou o Patriarcalismo
E deixou para o Coro de Bodes
A Carta Testamento

Meu Filho,
te vira
teu pai se suici-doou
foi até onde deu,
Toma que o filho é teu
O Imperio tem um golpe engatilhado,
Mas meu corpo eu dou,
pra ser este golpe
por 10 anos adiado

e assim,

o
“Pai dos Pobres”
Virou Mãe
Pariu dez anos
Da vida da nossa geração
Porra louca,bossa nova,cinema novo, teatro de arena, oficina,
Plinio Marcos, Helio Oiticia, Zé Vicente,
Criou-se, um chiqueiro sem cercas, de ovelhas negras
Como o que eu vi com meus olhos
Em Joazeiro, a beira do São Francisco

No enterro de Carmem Miranda
De Garincha
Os Corpos de Luis e Paulo Marcos
Incorporados no Corpo do Coro da Tragédya Brazyleira
que traz o Qorpo Santo
que os Assassinos, não souberam Comer em Luís

Eu venho de perto do Rio da Sombra da Paixão
Dos Indíos, o “Opará”
O Velho Chico
Do Bode Cristão
Bode Bispo Luis Flavio
Que Faz Cantar Seu Estomago Vazio
Com um Coro Cuicando o Desvio
do SãoFrancisco
Alimentados só pela agua do Rio
Corpo do Fisico do Poeta
Do Santo
de Lorca a Luís,
de Luis Flavio
do Coro Jejuante das Marias
A alma física do Santo, do Poeta
do Herói
do Anti-herói,
persiste

E nós Comemos pelos que jejuam
Nós reforçamos estes Corpos Vivos
Com o Vinho de Luís de 20 anos
Agora,
Hoje
E no dia 23,
Encontrado no dia 24

O Corpo na Campa do Cemitério de Araraquara
Ebrio Comido renascido dos vermes de Terra.

O Corpo do Sangue dos lençois sêcos da cama d’Ele,
queimados na Praia enfrente ao Cassino da Urca
emparedado pro Mar

O Corpo Ritualizado pelos Coros dos Corpos,
Ditirambando batidas dos Tambores da Noite do Ogan Sergipe
Misturada aos Coros dos Musicais dos Bodes de Todos os Theatros
de Araraquara
de São Paulo,
do Rio.
O Corpo de Marcelo Drummond
São Sebastião Nú,
Vestido com minha Mascara Mortuária de irmão parecido de Luis ,
Feita pelos atores de seu ultimo espetaculo “Taniko “
e com flexas de mais de 100 facadas,
que foram sendo retiradas,
uma a uma
desferidas,
misturadas as cinzas de Luís,
numa Cumbuca levadas por MarCelo Sebastião Liberto Dionisios á Mar
pros Peixes da Guanabara
no dia de São Sebastião de Euclides da Cunha
do Rio , dia 20 de Janeiro de 1988.

Durante 19 anos,
todos os dias 23 de dezembro, as 14h.30’
cultivamos na agricultura teatral este Corpo
chamamos dia da Ethernidade de Luís
nós , da Associação Cambiante
Teatro Oficina Uzyna Uzona
tiramos férias depois desse dia.

Estes ritos inspiraram sempre
Nossos anos sequentes.
As emanações imortalisadas deste Corpo ,
vem trazendo a dificílima
mas poderosíssima revolucão cultural brazyleira antropofágica,
vivida em nossos Corpos.
Os vestigios de Luís, “essa bichona assasinada”
como na Radio gritava o Atanásio,
em seu Armario Boçal ,vem nos inspirando todos os fins-começo de ano.

Neste 23 de dezembro de 2007

Todos os Sac(r )ifi-suicidados
Assassinados
Não devorados
Não comidos
Todas estas Ovelhas Negras
São hoje não um enorme Chiqueiro como eu ví
Proximas ao Bairro de Joazeiro “Piranga”,
Ex “Ypiranga”
Onde Gilberto João e seu Violão
deram os seus primeiros Cantos de Bodes Speak Low
ás Margens do São Francisco ,
começando a tirar a cera de nossos cadaverizados ouvidos.

Não estamos mais sós ,no meio de ovelhas brancas,
Somos muitas, de todas as cores, e não queremos mais ser sacrificadas
Faremos tudo para merecer mais ainda o sacrificio,
fora de todos os chiqueiros.
Nossa revolução Cultural ,vem pra acabar com os sacrifícios
Não somente dos sacrificados , mas dos que sacrificam.

Nossas Bombas , nossos Berros Cantantes
Botam abaixo muitos Armários .
Prateleiras, Cofres, Segredinhos.
Talvez até criem-se outros Grilhões e Máscaras,
dos que não conseguirem suportar a crueldade da virada
que o Teatro exige de transmutar o Tabu em Totem.
Mesmo dentro da nossa propria Associação Teatral,
como os que desertam sem terem desejado todas as curvas,
e vão formar , ao lado dos “Grupos de Odio”,
os “Hate Groups”da sociologia Americana.

Luís este ano comparece com o Qorpo da Sua Dramaturgia ,
seu Conto de Fadas:
“Cypriano & Chan-ta-lan”
ou “Folias e Sensações de 1973”
peça proibida pela Censura
que eu tive a sorte de ver encenada num cubículo de uns 3x3:
o Laboratorio de Fotografía do antigo Oficina da Companhía Ltda,
com Luís dirigindo minhas sobrinhas Anas:
Flora-Helena-Lúcia,
alunos do Colegio onde ele dava aulas de Teatro,
Cenografado, Figurinado, pela Diva Protagonista de sua futura Companhia
o “ Pão e Circo”
Ana Lú Prestes com quem Luis divide a autoria
do Poema Mágico Tragico Farsesco Musical


Vamos em menos de 15 dias,
fazer um Ensaião-Rito Aberto ,
juntar os Corpos que querem viver esta Paixão,
por amor a ela, Paixão,
e depois o Bexigão vai montar com todo rigor
no tempo que necessário for.

Vou ler a peça agora com o Bode Lucas Weglinski
que está estudando a Paixão de Luís,
Pra saber como resumir e apresentar este acontecimento,
nesta digitação ,
que quero inspirada pelo Corpo que não morreu nem com 107 facadas.
Eu quero entortar essas facas,

as que matam
e as que não matam.



Dia de Iemanjá 8 de dezembro de 2007

M E R D A