Antro Particular

21 dezembro 2007

NÃO À CRUCIFICAÇÃO DO FREI LUIZ






M É É É É É É É É

Nós, mortais brasileiros,
e do mundo inteiro
Não podemos mais em pleno Natal
Deixar que seja Suicidado outro Bode Expiatório
Mais um Cristo? Precisa?!
Hoje? Em 2007-2008?!!!!

"São José também chorou,
São José também chorou,
Quando viu seu filho moço
Pregado numa cruz
Por Tanto Amor"
Cantando no chuveiro
essa música de Reizado no Sertão,
revi a cena da Crucificação antes dela consumada.
Como o mundo seria mais forte,
se aquela multidão de nossos ancestrais
tivesse decidido:

-"Pára tudo,
vamos tirar este homem da Cruz
que vergonha assistirmos este espetáculo
sem fazer nada!
Qual é Imperador Cezar!?
Pilatos, seja lá quem for?!
Vamos acabar com essa brincadeira?!"

Mas Multidão do Público presente na Cena
Não fez nada
E carregou a Culpa por 2007 anos

Frei Luiz Cappio
como Jesus
está tendo que fazer o papel de herói por nós todos
esta sendo a Voz dos que nunca são ouvidos
e pedem simplesmente ouçamos estas vozes
e as do Desvio,
antes que o Desvio afogue todas nossas vozes,
pela calada em que estaria sendo feito,
não fosse o ato político de Frei Luiz.

Nós mortais
Desta geração
Não vamos repetir a cena.

Nós Mortais, ainda Vivos
Incluo entre nós
Lula,
que tem ao lado de Getúlio,
sido o melhor Presidente do Brasil,
e por isso nós não podemos deixar
que como Getúlio,
carregue até depois de suicidado o fantasma da Morte de Olga Benário.
que tenha
sua Olga Benário,
na pessoa de Frei Luiz suicidado.
Nesse nós, me incluo eu,
mas também todos os técnicos, tecnocratas, cientistas, juízes, soldados, oficiais, operários, padres, ministros, artistas, políticos, ruralistas, todos, todos nós, todos.

Ouvimos em meio às confusões que o ritmo de loucura da devastação ameaça a Amazônia de ficar careca em 10 anos, e ouvimos também, silêncio ruidoso, geral, sobre o que queremos fazer com o Desvio do Rio.
A maioria do povo está por fora.

Porque os Governos, os Grandes Capitais, que gastam fortunas pra vender o seu peixe, não podem promover uma Campanha realizada pela população, em nome não da venda de seu peixe, mas do Interesse Comum, sobre os rumos do Brasil contidos neste DESVIO?

Vamos dar uma pausa pra meditação!… Stop!

Vamos parar pra ouvir o Frei Luiz
ele somente quer que ouçamos a todos que falam
por sua voz, que já nem no telefone mais fala.
E quer que falem, com o coração, também, os que querem Desviar o Rio.

Oxuns cantam o Rio
que os índios chamavam de Opará
e nós, brasileiros, chamamos de São Francisco.
Os povos ribeirinhos do Rio da Unidade Nacional
murmura vozes fluviais,
que todos nós sabemos,
nunca foram até agora ouvidas,
pros Grandes Projetos,
para este Desvio.

Nem as vozes dos seus defensores
tem seu Homero,
seu Euclides da Cunha,
cantando claramente o que querem fazer com o desvio,
pois o Caquético “Segredo continua sendo a alma do neg-ócio”.
Tudo bem se isso envolvesse um número reduzido de pessoas, mas
trata-se do Destino de Uma Nação poderosa que está em Jogo, não de
interesses egóicos de minorias dominantes.

Será que todos precisamos ainda deste herói pra chamar nossa atenção?
Pra abir nossos ouvidos tapados,
no meio ao estouro do rebanho urbano,
obcecado pelas compras de presentes de natal?
Desensibilizado, no ruído do trânsito parado, infartando as artérias das Cidades.
Quem está em estado de ComPaixão
com o que se passa no Rio São Francisco,
de seu nascedouro em Minas do muito querido neto de Tancredo, Aécio Neves, no meio Rio do Feliz Guerreiro Jacques Wagner, o primeiro a estar cara a cara com Dom Luiz, o que pelo voto derrubou uma Oligarchia que parecia eterna? Do Pernambuco do Governador Eduardo Campos, neto do lendário Miguel Arraes?
Em meio a este espírito ansioso, tão longe do que chamam natalino,
precisamos ainda deste herói
pra chamar nossa atenção
do desvairio de nosso desvio
do renascimento desta festa que tem mais de 2007 anos
desde que o menino Dionísio era acordado na noite de 24 para 25,
pra cantar o início de uma Nova Girada do Globo em torno do Sol?

"Infeliz o país que tem necessidade de heróis!
Infeliz o país que não tem heróis !"

Com nossa potência democrática
Podemos Fazer Parar a Cena
de Todas as Crucificações
E OUVIR
TODAS AS PARTES.

Aí libertaríamos o Bode de Frei Luiz
de seu papel de Herói
pra que ele possa Cantar seu Rio amado,
Vivo,
sem ser sacrificado.

A Democracia está pedindo a nós todos a Poética de um Plesbicito sobre este Ponto Decisivo do Desvio de uma Nação.

Se O Desvio for considerado imprescindível, generoso para o Meio Ambiente
para as pessoas que vivem no São Francisco,
para nós todos,
se for um Desvio para o Ouro de Oxum,
portador de prosperidade, fartura, beleza,
principalmente para os que vivem a vida do Rio,
as obras continuam,
abençoadas pelo prórpio Frei Luiz,
e ainda enriquecidas pela colaboração milionária das vozes dos que nunca são ouvidos por não terem
Lobby.
Este Lobby das vozes do povo tem sido o do Jejum do Frei Luiz, custando sua vida, tão preciosa quanto a de todos nós.

BraZilha neste centenário de Oscar Niemeyer vivo,
à porta de seu cinquentenário de cidade menina, foi criada e esculpida por Artistas que desenharam, riscaram no lugar o destino da Potência para a Política Brasileira.
Potência de Política como Arte, Política Beleza, Política exaltação da força da Vida.
Claro que a decadência transitória desta Arte, neste momento em que tão raras exceções a praticam, está exposta na sujeira da Capital do Brasil, nas construções que levam o nome de seus empreiteiros no topo de seus edifícios, nos prédios violando as normas de altura dos arranha-céus, geralmente monumentos tenebrosos dos grandes escândalos de Corrupção da Especulação Imobiliária aliada aos Lobbies de muitas personagem da Graqueza do Poder, e agora, pra somar: uma decoração de Natal de uma caipirice cafona, que fica por exemplo vilipendiante, como todas as outras “obras” citadas, diante das Curvas da Catedral que trazem a Majestade do deus da Criação, do deus da Imaginação, do deus da Beleza.

No Golpe de 1964 houve um Desvio no sentido Estético e Ético produtivo da nossa Capital, recém inaugurada.
Mas ontem, ouvia-se, e via-se,
o choro da Oxum Letícia Sabatella
abrindo seu abcesso na Praça Pública
dos 3 Poderes
ao saber da queda da liminar que impedia o Desvio.
Eu não me toquei que o julgamento era ontem.
Sabia mas me esqueci diante do que fui fazer em BraZilha.
Eu também lá estava, entregando o pedido de "Paisagem Cultural para Quixeramobim, terra de Antônio Maciel o Conselheiro e Canudos, sua maior obra." Canudos foi duas vezes destruída, e agora quer Renascer.
O que nos levou ao Sertão do Brasil, fazer “Os Sertões” com 27 horas de espetáculo, levando uma estrutura pomposa como o Barco transportando o Teatro de Ópera de Fitz Carraldo, foi lutar para o Investimento dos Poderes nesta região, para a Reparação de todos os males que, do Rio Grande do Sul ao Amazonas causamos. E motivados não somente para ver a Cidade Mártir teimosa, a 3ª Canudos, levantar-se, próspera, mas sobretudo para mim, pessoalmente, para nós, para curarmo-nos da negligência advinda dos massacres sucessivos de nossa história passada e de nossos dias que foram nos dessensibilizando. Era preciso penetrar nosso País de Dentro para sabermos cuidar, cultivar, nós mesmos.
Neste episódio do Desvio e de seu Herói temos a oportunidade de nós mesmos, brasileiros, nos curarmos, nos desmassacrarmos,
saciarmos nossa fome de Criação
de Amor, por nós mesmos,
e agirmos pra não carregar mais estes Bodes pro ano que entra.

Vamos fazer cantar o Bode, Animal Tótem do Sertão do São Francisco.
Vamos dar uma parada total pelo menos até a Semana Santa,
Vamos nos dar ao luxo destes meses para refletir rever ouvir, ouvir, ouvir, ouvir, ouvir, ouvir, ouvir,
E depois da Páscoa fazemos um Plebiscito
e decidimos
desviamos ou não.



Sampã 20 de dezembro de 2007