2007: entre a espera e a esperança
Mais um ano se vai. Se esvai seria o mais apropriado, escorrendo em lama e chuva. Sentei em frente ao computador para escrever este que poderá ser o último post do blog, neste ano, disposto a gritar e gritar. Até receber a citação de Brecht, enviada por uma saudosa amiga: “precisamente porque as coisas estão como estão, elas assim não permanecerão”. Heloísa, ou como a chamo, Lô, acrescenta por conta própria: “Tentemos”.
Lô foi minha professora. Tornou-se amiga nesses mais de dez anos. E me fascina sua capacidade sincera em gostar do ser humano. Todos somos interessantes aos olhos dela. Esforço-me por aprender essa lição.
E com Brecht... Hum, boa provocação. Batemos boca na última vez que nos encontramos, em época do primeiro turno para a reeleição de Lula. Ela, petista convicta. Já eu... sei lá. É um desperdício eu não ter paciência para o anarquismo.
Como acreditar em 2007 melhor? Com mensaleiros e sanguessugas absolvidos. Deputados, ministros do supremo e secretários aumentando seus próprios salários, aposentadorias vitalícias de governadores. Lula assumindo que o país crescerá devagar e sem pressa. A disputa entre esporte e cultura por qualquer centavo. Aeroportos abandonados e caóticos... É difícil imaginar o próximo ano quando abrimos os jornais de hoje.
2006 foi um ano singular para o país. E para mim. As quatro estréias de Gerald, os novos projetos, a expansão do blog, as amizades de Juliano e Pancho (em ordem alfabética, para não criar ciúmes), promessas. Muitos dos projetos não vão existir. Mas poucos irão sim. Meu blog vai por conta própria e prometo ousadias maiores. E Gerald, em NY, com a peça recebendo críticas e comentários estranhos. Lá também as pessoas estão emburrecendo “pouco a pouco... pouco a pouco...”. Nesse final de ano, fico sem a última conversa com ele, com quem melhor converso.
Este ano assisti as novelas, caminhei na rua vestido de parangolé feito por Verônica. Conheci pessoas, me afastei de outras. Quase enlouqueci cuidando do meu cachorro adoentado. Revi meu irmão mais velho depois de muitos anos e senti saudade de nossa infância junto. Acompanhei a luta da Patrícia em escrever sua tese. Declarei meu amor em público. Chorei sem vergonha alguma em cenas de tv e quando me deparei com um pintinho morto dentro um ovo. Comprei mais de vinte livros, e li pouco mais da metade. Formatei o computador uma dúzia de vezes, perdi muitas fotos e textos que não terei mais. Fui em muitos debates, encontros, palestras na tentativa de entender um pouco o dia de amanhã, mas foi inútil. Fui para a Puc estudar política, para entender um pouco mais o dia de hoje, mas também foi inútil. Passei horas em teatros, cinemas, bares. Vi ansioso uma Bienal me desapontar. Por pouco não voltei para a Secretaria de Cultura. Senti vergonha de meu país. Senti medo na rua.
Agora é pensar no próximo ano. E espero que Brecht esteja certo.
Espero... Não há nada além disso mesmo, só o esperar! Que venha então 2007. Os absurdos dos governantes, a luta diária, a solidão da arte, o medo da manhã, outras promessas. E o delírio de que Papai Noel realmente se lembre dos brasileiros, ao invés de abandonar tudo às vontades de Deus.
Suspiro...
Que venha o que tiver de vir. Acho que estou pronto. Acho...
Lô foi minha professora. Tornou-se amiga nesses mais de dez anos. E me fascina sua capacidade sincera em gostar do ser humano. Todos somos interessantes aos olhos dela. Esforço-me por aprender essa lição.
E com Brecht... Hum, boa provocação. Batemos boca na última vez que nos encontramos, em época do primeiro turno para a reeleição de Lula. Ela, petista convicta. Já eu... sei lá. É um desperdício eu não ter paciência para o anarquismo.
Como acreditar em 2007 melhor? Com mensaleiros e sanguessugas absolvidos. Deputados, ministros do supremo e secretários aumentando seus próprios salários, aposentadorias vitalícias de governadores. Lula assumindo que o país crescerá devagar e sem pressa. A disputa entre esporte e cultura por qualquer centavo. Aeroportos abandonados e caóticos... É difícil imaginar o próximo ano quando abrimos os jornais de hoje.
2006 foi um ano singular para o país. E para mim. As quatro estréias de Gerald, os novos projetos, a expansão do blog, as amizades de Juliano e Pancho (em ordem alfabética, para não criar ciúmes), promessas. Muitos dos projetos não vão existir. Mas poucos irão sim. Meu blog vai por conta própria e prometo ousadias maiores. E Gerald, em NY, com a peça recebendo críticas e comentários estranhos. Lá também as pessoas estão emburrecendo “pouco a pouco... pouco a pouco...”. Nesse final de ano, fico sem a última conversa com ele, com quem melhor converso.
Este ano assisti as novelas, caminhei na rua vestido de parangolé feito por Verônica. Conheci pessoas, me afastei de outras. Quase enlouqueci cuidando do meu cachorro adoentado. Revi meu irmão mais velho depois de muitos anos e senti saudade de nossa infância junto. Acompanhei a luta da Patrícia em escrever sua tese. Declarei meu amor em público. Chorei sem vergonha alguma em cenas de tv e quando me deparei com um pintinho morto dentro um ovo. Comprei mais de vinte livros, e li pouco mais da metade. Formatei o computador uma dúzia de vezes, perdi muitas fotos e textos que não terei mais. Fui em muitos debates, encontros, palestras na tentativa de entender um pouco o dia de amanhã, mas foi inútil. Fui para a Puc estudar política, para entender um pouco mais o dia de hoje, mas também foi inútil. Passei horas em teatros, cinemas, bares. Vi ansioso uma Bienal me desapontar. Por pouco não voltei para a Secretaria de Cultura. Senti vergonha de meu país. Senti medo na rua.
Agora é pensar no próximo ano. E espero que Brecht esteja certo.
Espero... Não há nada além disso mesmo, só o esperar! Que venha então 2007. Os absurdos dos governantes, a luta diária, a solidão da arte, o medo da manhã, outras promessas. E o delírio de que Papai Noel realmente se lembre dos brasileiros, ao invés de abandonar tudo às vontades de Deus.
Suspiro...
Que venha o que tiver de vir. Acho que estou pronto. Acho...
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