A LOUCA DE CHAILLOT: e a perda de uma poesia possível
A nova montagem paulistana de A Louca de Chaillot, de Jean Giraudoux, revela aspectos cada vez mais presentes na cena atual. Dentre os mais preocupantes estão a pouca imaginação técnica (ressalva à cenografia de André Cortez, que consegue criar uma segunda espacialidade, metafórica e atemporal) e a direção descuidada.
Não fossem os intérpretes, a montagem de A Louca... poderia ser facilmente confundida com um trabalho escolar sem muita intenção além da própria apresentação. Luiz Damasceno constrói eficientemente o Presidente, assim como Tatiana Thomé faz com Irma. Mas em um espetáculo com mais de duas horas é estranho assistirmos a apenas um momento arrasador. Sobretudo com um elenco desse porte, contando ainda com Cleyde Yácones no papel título. Limitada em sua própria condição, a atriz faz corretamente, o que é pouco. O melhor momento ocorre quando o Catador de Papel interpreta um banqueiro, feito em advogado de defesa. O discurso cabe perfeito para Pascoal da Conceição, que se especializa em roubar/salvar positivamente a cena. Como fora em Os Sete Afluentes do Rio Ota, quando invariavelmente era aplaudido em cena aberta apesar dos poucos minutos.
A explicação é simples: Pascoal não é ator de perder tempo, está sempre inteiro, presente, seja em um monólogo seja no simples gesto de apanhar no chão algo abandonado. Como Damasceno, a cada gesto e olhar há o estudo e a precisão do instante. A diferença é que este sofre a falta de direção, do trabalho exterior capaz de eqüalizar interpretações distintas em técnica e maturidade.
Ruy Cortez não vai além do primeiro ensaio. Deixa correr o texto inconseqüentemente ao invés de lhe acrescentar a edição necessária. Com o sucessivo entra e sai dos personagens, a peça se perde em monotonia. O diretor marca as falas principais no centro do palco, enaltecendo a obviedade com a qual conduz a direção. São intermináveis os monólogos explicativos pelos quais Giraudoux nos apresenta os personagens. E é na redundância desse didatismo que a direção situa sua mão.
A Louca de Chaillot tem algo importante nos dias de hoje, vai além das dicotomias petróleo-destruição, controle-submissão, insanidade-lucidez. Seu maior valor está na construção poética com que lida com aspectos tão complicados do mundo moderno. Merecia uma direção mais preparada.
A montagem não é um trabalho de reconhecimento da importância de Cleyde, tampouco o consagrar de uma trajetória. E se concretiza na agradável tradução de Guzik e na construção cênica previsível e enfadonha por uma direção capaz de anular até mesmo grandes intérpretes.
Uma pena. Perdemos a possibilidade de encarar as mazelas do homem e do mundo com um pouco mais de poesia. E o teatro a possibilidade de ir além do pobre estado cada vez mais presente de mero contador de histórias.
Não fossem os intérpretes, a montagem de A Louca... poderia ser facilmente confundida com um trabalho escolar sem muita intenção além da própria apresentação. Luiz Damasceno constrói eficientemente o Presidente, assim como Tatiana Thomé faz com Irma. Mas em um espetáculo com mais de duas horas é estranho assistirmos a apenas um momento arrasador. Sobretudo com um elenco desse porte, contando ainda com Cleyde Yácones no papel título. Limitada em sua própria condição, a atriz faz corretamente, o que é pouco. O melhor momento ocorre quando o Catador de Papel interpreta um banqueiro, feito em advogado de defesa. O discurso cabe perfeito para Pascoal da Conceição, que se especializa em roubar/salvar positivamente a cena. Como fora em Os Sete Afluentes do Rio Ota, quando invariavelmente era aplaudido em cena aberta apesar dos poucos minutos.
A explicação é simples: Pascoal não é ator de perder tempo, está sempre inteiro, presente, seja em um monólogo seja no simples gesto de apanhar no chão algo abandonado. Como Damasceno, a cada gesto e olhar há o estudo e a precisão do instante. A diferença é que este sofre a falta de direção, do trabalho exterior capaz de eqüalizar interpretações distintas em técnica e maturidade.
Ruy Cortez não vai além do primeiro ensaio. Deixa correr o texto inconseqüentemente ao invés de lhe acrescentar a edição necessária. Com o sucessivo entra e sai dos personagens, a peça se perde em monotonia. O diretor marca as falas principais no centro do palco, enaltecendo a obviedade com a qual conduz a direção. São intermináveis os monólogos explicativos pelos quais Giraudoux nos apresenta os personagens. E é na redundância desse didatismo que a direção situa sua mão.
A Louca de Chaillot tem algo importante nos dias de hoje, vai além das dicotomias petróleo-destruição, controle-submissão, insanidade-lucidez. Seu maior valor está na construção poética com que lida com aspectos tão complicados do mundo moderno. Merecia uma direção mais preparada.
A montagem não é um trabalho de reconhecimento da importância de Cleyde, tampouco o consagrar de uma trajetória. E se concretiza na agradável tradução de Guzik e na construção cênica previsível e enfadonha por uma direção capaz de anular até mesmo grandes intérpretes.
Uma pena. Perdemos a possibilidade de encarar as mazelas do homem e do mundo com um pouco mais de poesia. E o teatro a possibilidade de ir além do pobre estado cada vez mais presente de mero contador de histórias.
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