NÃO HÁ PORQUE TER PRESSA, MAS É PRECISO COMEÇAR A AGIR
Chega ao fim 2007. Ou quase. E a cidade assiste as últimas apresentações nas salas de teatro. Não, não há correria para repor as ausências das platéias. No mesmo e cadenciado ritmo da falta, continuam as bilheterias a carimbar sem pressa os ingressos surpreendentemente vendidos para poucos desconhecidos. Sim, pois os amigos, ainda que cada vez mais raros, esforçaram-se para manter seus corpos presentes nos dozes meses revelando-se a grande maioria.
São Paulo assiste anualmente a uma enxurrada de mais de 700 espetáculos. Peças, por melhor dizer, já que espetáculos em si, nos termos mais comuns da sua compreensão semântica, poucos existiram. Alguns fenômenos de marketing, visitas estrangeiras, sucessos repentinos curiosamente ignorados em seqüência e em detrimento ao próximo “novo melhor”. Nada de diferente nos submundos da cena teatral paulistana. E saímos de 2007 para entrar em 2008 sem caminhos novos, sem muito que recordar.
Saem as premiações e continuam os mesmos. Nada de novo se revela. Seriam os parâmetros de julgamento? As referências dos conceitos? Os artistas e suas repetições óbvias sobre fórmulas supostamente consagradas?
O que 2007 demonstrou é a pouca eficiência da criação, a transparência das máscaras de tantos por aí que nada mais revelam de concreto que não os desejos pelo reconhecimento. Pouco estamos dizendo sobre as coisas, sobre nossa época, sobre o homem e a humanidade. Enquanto a história é conduzida em novas forças, o teatro paulistano carrega o conforto da cegueira e se constitui na cadência da obviedade chata e presunçosa.
É... o teatro paulistano está chato!
Um novo ano bate à porta da frente. E a indiferença dos artistas pela arte mostra-se inércia imutável. Perdemos a pluralidade da face, desenhamo-nos artistas idênticos de acordo com o permitido pelo mercado, submetidos a falsos mecenas cujo intuito é sempre a vaidade de trazer pelo artista seu próprio olhar sobre a vida.
E o que mais parece um discurso pessimista, no fundo, é apelo e estímulo. Mais do que nunca é preciso continuar, ir adiante. Cabe aos insatisfeitos mudar as regras. Aos incomodados quebrar as fórmulas. Acreditar na sobrevivência desses poucos e crer que o próximo ano será, então, o início de um outro.
Mas para isso é preciso haver consciência, é preciso retornamos ao desejo pela ideologia, encarar a realidade pelo prisma da insatisfação e romantizar um futuro outro. Em resumo, é preciso haver propostas, confrontar as certezas cotidianas pela observação subjetiva capaz de reler os fatos em contra-planos simbólicos.
Enquanto, de fato, não recuperarmos a inquietude, o incômodo, a insatisfação, prefiro apostar minhas fichas em um futuro mais longínquo. Fazer a roda girar pode parecer um bom princípio de mudança, mas ela sempre retornará ao seu início. É preciso abandonar as comodidades do reconhecimento. 2008 está aí. Não vejo muito que ainda possa ser rapidamente transformado. Mas guardo um sorriso otimista e prefiro assisti-lo na história como o ano que nos levou a 2009...
São Paulo assiste anualmente a uma enxurrada de mais de 700 espetáculos. Peças, por melhor dizer, já que espetáculos em si, nos termos mais comuns da sua compreensão semântica, poucos existiram. Alguns fenômenos de marketing, visitas estrangeiras, sucessos repentinos curiosamente ignorados em seqüência e em detrimento ao próximo “novo melhor”. Nada de diferente nos submundos da cena teatral paulistana. E saímos de 2007 para entrar em 2008 sem caminhos novos, sem muito que recordar.
Saem as premiações e continuam os mesmos. Nada de novo se revela. Seriam os parâmetros de julgamento? As referências dos conceitos? Os artistas e suas repetições óbvias sobre fórmulas supostamente consagradas?
O que 2007 demonstrou é a pouca eficiência da criação, a transparência das máscaras de tantos por aí que nada mais revelam de concreto que não os desejos pelo reconhecimento. Pouco estamos dizendo sobre as coisas, sobre nossa época, sobre o homem e a humanidade. Enquanto a história é conduzida em novas forças, o teatro paulistano carrega o conforto da cegueira e se constitui na cadência da obviedade chata e presunçosa.
É... o teatro paulistano está chato!
Um novo ano bate à porta da frente. E a indiferença dos artistas pela arte mostra-se inércia imutável. Perdemos a pluralidade da face, desenhamo-nos artistas idênticos de acordo com o permitido pelo mercado, submetidos a falsos mecenas cujo intuito é sempre a vaidade de trazer pelo artista seu próprio olhar sobre a vida.
E o que mais parece um discurso pessimista, no fundo, é apelo e estímulo. Mais do que nunca é preciso continuar, ir adiante. Cabe aos insatisfeitos mudar as regras. Aos incomodados quebrar as fórmulas. Acreditar na sobrevivência desses poucos e crer que o próximo ano será, então, o início de um outro.
Mas para isso é preciso haver consciência, é preciso retornamos ao desejo pela ideologia, encarar a realidade pelo prisma da insatisfação e romantizar um futuro outro. Em resumo, é preciso haver propostas, confrontar as certezas cotidianas pela observação subjetiva capaz de reler os fatos em contra-planos simbólicos.
Enquanto, de fato, não recuperarmos a inquietude, o incômodo, a insatisfação, prefiro apostar minhas fichas em um futuro mais longínquo. Fazer a roda girar pode parecer um bom princípio de mudança, mas ela sempre retornará ao seu início. É preciso abandonar as comodidades do reconhecimento. 2008 está aí. Não vejo muito que ainda possa ser rapidamente transformado. Mas guardo um sorriso otimista e prefiro assisti-lo na história como o ano que nos levou a 2009...
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