DESABAFO: minha carta ao presidente
Caro Sr. Presidente,
Não escrevo em nome de qualquer coletivo, tampouco me designo maioria. Mas lhe escrevo. E menos por pretensão, faço-o desconsolado. Triste por não compreender as faltas de explicações, os supostos desconhecimentos, a ironia nervosa, os cansativos discursos sobre a Seleção Brasileira ou o teu Corinthians. O brasileiro, ao contrário do que o senhor insiste em me contar, não está muito bem. E eu, sendo um desses, igual. Sentimo-nos sozinhos, órfãos. Abandonados na sarjeta pelo herói por qual tanto brigamos para ver crescer. Erro nosso, claro. O senhor não deve se sentir culpado pelas frustrações de milhões de sonhadores. Ou deve?
Esperei te encontrar por aí, quase que casualmente, pelas ruas, como antes, nesses últimos anos. Devo ter ido por ruas erradas. Não tive sorte. Quinta passada, entretanto, algo me dizia que enfim o encontro aconteceria. Mas quando me sentei e olhei para a televisão, a cadeira vazia socava minha cabeça: outra vez ele me ignorou... Também não recebi teus cadernos de propostas e o programa de governo pedidos em sei lá quantos e-mails.
É, presidente, o senhor chegou onde queria. Está aí! Conseguimos, não é? Tantos anos, tantas pessoas convencidas dia após dia. Vão ficar para sempre na memória a atrapalhação com a faixa presidencial e o carro oficial sendo empurrado. Foi um dia lindo, não foi? Um céu perfeito. E Brasília tomada pelos milhões de pedaços anônimos de sua história.
Eu continuo por aqui mesmo. Sobrevivendo ao presente. As emoções, aos poucos, renderam-se à rotina; a felicidade apagou-se em escândalos. Estamos em mundos tão distantes que acho que o senhor não se lembra mais de mim, de como sou, o quanto fomos iguais. Não sei se compreendo isso, mas a vida é o que é. E apesar de tantas lembranças tomei uma decisão: a velha camiseta vermelha deixo no armário junto com a vergonha sentida ultimamente. Um bom banho. Uma respirada profunda.
Lamento que não queira conversar mais com teu povo, comigo, porque eu quero! Não mais com o amigo Lula. Este se perdeu nas estradas passadas, nos caminhos apontados por marketeiros. Já se foi faz tempo. Mas com o senhor, presidente. E nos próximos anos é o que farei. Vou estar aí, ao teu lado, vigiando, gritando, fazendo-me existir e ser ouvido. Dei-lhe todas as chances para falar e as recusou. Então, falo eu! A cada passo, em cada falta de resposta coerente, nos silêncios, nos sorrisos sarcásticos. A toda e qualquer “traição” dos SEUS companheiros, eu vou estar aí.
O senhor quer mais quatro anos? Poder? Para quê? O que o tempo te permitirá fazer que já não tenha permitido? Vontade e responsabilidade não surgem em segundas chances, são partes da integridade que nos forma. Deixe sua arrogância de lado em acreditar ser alguém especial. Não é isso o que precisamos. Esta fé o senhor fez a grandeza de destruir. As máscaras já eram. Não acredito mais no senhor. Não o aceito mais como meu espelho. O panteão supremo dos heróis da revolução está arruinado. E, com o perdão da palavra, o idiota não será outra vez eu.
Não durma. Não se sinta seguro. É o que te recomendo. Vou estar de olho em todos os segundos, observando-o, analisando-o. E se parece pouco é porque tua ingenuidade o faz acreditar cegamente em um futuro glorioso. Esqueça. Ele foi arrasado por sua incapacidade em ser verdadeiro, preferindo trocar sua luta por uma cumplicidade estúpida de quem é mais boneco que manipulador. O senhor mudou muito, presidente. E tua omissão fez-me mudar também.
Que o remorso surja incontrolável e o leve ao caminho correto é minha última e romântica gota de esperança. Do contrário, adeus ex-amigo. Infelizmente, com o peito ardendo de sofrimento, mas antes que seja o meu, serei eu o teu carrasco. Até o fim. Até o fim...
Não escrevo em nome de qualquer coletivo, tampouco me designo maioria. Mas lhe escrevo. E menos por pretensão, faço-o desconsolado. Triste por não compreender as faltas de explicações, os supostos desconhecimentos, a ironia nervosa, os cansativos discursos sobre a Seleção Brasileira ou o teu Corinthians. O brasileiro, ao contrário do que o senhor insiste em me contar, não está muito bem. E eu, sendo um desses, igual. Sentimo-nos sozinhos, órfãos. Abandonados na sarjeta pelo herói por qual tanto brigamos para ver crescer. Erro nosso, claro. O senhor não deve se sentir culpado pelas frustrações de milhões de sonhadores. Ou deve?
Esperei te encontrar por aí, quase que casualmente, pelas ruas, como antes, nesses últimos anos. Devo ter ido por ruas erradas. Não tive sorte. Quinta passada, entretanto, algo me dizia que enfim o encontro aconteceria. Mas quando me sentei e olhei para a televisão, a cadeira vazia socava minha cabeça: outra vez ele me ignorou... Também não recebi teus cadernos de propostas e o programa de governo pedidos em sei lá quantos e-mails.
É, presidente, o senhor chegou onde queria. Está aí! Conseguimos, não é? Tantos anos, tantas pessoas convencidas dia após dia. Vão ficar para sempre na memória a atrapalhação com a faixa presidencial e o carro oficial sendo empurrado. Foi um dia lindo, não foi? Um céu perfeito. E Brasília tomada pelos milhões de pedaços anônimos de sua história.
Eu continuo por aqui mesmo. Sobrevivendo ao presente. As emoções, aos poucos, renderam-se à rotina; a felicidade apagou-se em escândalos. Estamos em mundos tão distantes que acho que o senhor não se lembra mais de mim, de como sou, o quanto fomos iguais. Não sei se compreendo isso, mas a vida é o que é. E apesar de tantas lembranças tomei uma decisão: a velha camiseta vermelha deixo no armário junto com a vergonha sentida ultimamente. Um bom banho. Uma respirada profunda.
Lamento que não queira conversar mais com teu povo, comigo, porque eu quero! Não mais com o amigo Lula. Este se perdeu nas estradas passadas, nos caminhos apontados por marketeiros. Já se foi faz tempo. Mas com o senhor, presidente. E nos próximos anos é o que farei. Vou estar aí, ao teu lado, vigiando, gritando, fazendo-me existir e ser ouvido. Dei-lhe todas as chances para falar e as recusou. Então, falo eu! A cada passo, em cada falta de resposta coerente, nos silêncios, nos sorrisos sarcásticos. A toda e qualquer “traição” dos SEUS companheiros, eu vou estar aí.
O senhor quer mais quatro anos? Poder? Para quê? O que o tempo te permitirá fazer que já não tenha permitido? Vontade e responsabilidade não surgem em segundas chances, são partes da integridade que nos forma. Deixe sua arrogância de lado em acreditar ser alguém especial. Não é isso o que precisamos. Esta fé o senhor fez a grandeza de destruir. As máscaras já eram. Não acredito mais no senhor. Não o aceito mais como meu espelho. O panteão supremo dos heróis da revolução está arruinado. E, com o perdão da palavra, o idiota não será outra vez eu.
Não durma. Não se sinta seguro. É o que te recomendo. Vou estar de olho em todos os segundos, observando-o, analisando-o. E se parece pouco é porque tua ingenuidade o faz acreditar cegamente em um futuro glorioso. Esqueça. Ele foi arrasado por sua incapacidade em ser verdadeiro, preferindo trocar sua luta por uma cumplicidade estúpida de quem é mais boneco que manipulador. O senhor mudou muito, presidente. E tua omissão fez-me mudar também.
Que o remorso surja incontrolável e o leve ao caminho correto é minha última e romântica gota de esperança. Do contrário, adeus ex-amigo. Infelizmente, com o peito ardendo de sofrimento, mas antes que seja o meu, serei eu o teu carrasco. Até o fim. Até o fim...
4 Comments:
Rui Jr., ficou bão hein?! Vai mandar ou vai deixar publicado só aqui?
Beijo
Ri
By Anônimo, at 5:49 PM
Já mandei, Ri. Pro site dele, do PT e do Governo Federal...
beijos
By Ruy Filho, at 6:48 PM
pode assinar em baixo ?
By Anônimo, at 11:03 PM
Anônimo,
evidentemente que sim.
Aliás o blog foi criado para unir e discutir. Pode assinar ou contradizer. Todos são bem-vindos.
Abraços.
By Ruy Filho, at 3:46 PM
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