COMPLEXO SISTEMA em Curitiba: por Luciana Romagnolli (Caderno G, jornal Gazeta do Povo)
Complexo Sistema de Enfraquecimento da Sensibilidade, de Ruy Filho, encenador formado sob o exemplo de Gerald Thomas, impactou a plateia da Casa Vermelha em seus quatro dias de apresentação, infelizmente já encerrados. Trilha sonora e imagens fortes. Ações violentas. Nada por acaso.
Recorrendo ora às simbologias e à ausência de palavras, ora ao diálogo em que se confrontam um torturador e o torturado, a peça não é de fácil apreensão ou decodificação. A primeira imagem mostra um homem coberto por um capuz e preso a inúmeras e longas amarras. Ele se desvencilha. E as ações seguintes são conduzidas para cenas de agressões físicas.
Em resumo, um homem de terno, a quem logo se identificará como o representante da ordem (ou do "sistema"), tortura um jovem libertário. A música, composta por Patrick Grant, do Living Theater, para esta montagem, sublinha o clima tenso, de perigo. Mas também aparece como um instante de delicadeza ofertado ao preso em meio à virulência, resgatando sua sensibilidade para logo detoná-la novamente (o tal sistema de enfraquecimento da sensibilidade, de que trata o título).
Não seria preciso sentir tanta dor, sugere o torturador, querendo cooptar o jovem. "Sentir-se vivo dói", responde o torturado, criticando a perfeição estúpida do outro: "Deve ser desesperador só enxergar o que te mostram". Só é possível existir pela originalidade, bradará ainda o preso.
Suas frases ecoam, provocando o espectador a abandonar a passividade e a permanecer mentalmente ativo durante o espetáculo. Quando acaba, deixa uma plateia impressionada, ainda a traçar as conexões.
Recorrendo ora às simbologias e à ausência de palavras, ora ao diálogo em que se confrontam um torturador e o torturado, a peça não é de fácil apreensão ou decodificação. A primeira imagem mostra um homem coberto por um capuz e preso a inúmeras e longas amarras. Ele se desvencilha. E as ações seguintes são conduzidas para cenas de agressões físicas.
Em resumo, um homem de terno, a quem logo se identificará como o representante da ordem (ou do "sistema"), tortura um jovem libertário. A música, composta por Patrick Grant, do Living Theater, para esta montagem, sublinha o clima tenso, de perigo. Mas também aparece como um instante de delicadeza ofertado ao preso em meio à virulência, resgatando sua sensibilidade para logo detoná-la novamente (o tal sistema de enfraquecimento da sensibilidade, de que trata o título).
Não seria preciso sentir tanta dor, sugere o torturador, querendo cooptar o jovem. "Sentir-se vivo dói", responde o torturado, criticando a perfeição estúpida do outro: "Deve ser desesperador só enxergar o que te mostram". Só é possível existir pela originalidade, bradará ainda o preso.
Suas frases ecoam, provocando o espectador a abandonar a passividade e a permanecer mentalmente ativo durante o espetáculo. Quando acaba, deixa uma plateia impressionada, ainda a traçar as conexões.
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