PRÊT-À-PORTER: a fala simples de um teatro complexo
Uma década atrás, Antunes Filho surpreendia público e estudiosos do teatro oferecendo um encontro no saguão do Sesc Consolação, em São Paulo. A euforia tomou conta da cidade, e de alguma maneira todos os setores, de estudantes a profissionais e críticos, aguardavam as palavras do diretor e a estréia anunciada de "Prêt-à-Porter".
Com o tempo, "Prêt-à-Porter" foi se consolidando na cena paulista, e a seqüência dos trabalhos abarcaram outras cidades dentro e fora do país. Novamente, Antunes Filho estabelecia paradigmas no processo de criação teatral.
Que o ator é seu ponto inicial e final de construção estética sabemos a muito. O diferencial ocorreu na organização e coordenação de um processo onde o ator é fundamentalmente criador, do texto à voz e interpretação, sem interferência determinante do diretor.
A radicalidade do que parece em primeiro instante óbvio e simples, ou seja, o ator como pilar central, foge da percepção do público, ao fim espectador apenas das cenas curtas. É preciso compreender que a visão do ator-criador não é nova e pode ser buscada dentro da história sob vários vieses. A diferença, portanto, encontra-se na união entre o método de preparação do ator desenvolvido ao longo das últimas décadas por Antunes Filho e a sua utilização em discurso criativo.
Aos poucos, Antunes chegou ao impasse de ter igualmente um trabalho de aprofundamento técnico da poesia dramatúrgica. Nesse mesmo encontro de 1997, afirmou categoricamente: "só teremos novamente bons atores quando tivermos novos bons dramaturgos". Com o passar dos anos, o Centro de Pesquisa Teatral (CPT) passou a abrigar igualmente um espaço destinado a jovens dramaturgos.
Hoje, "Prêt-à-Porter" dialoga com essa criação textual, oferecendo-se como concretização do texto e estímulo de criação.
Os PPs, como foram apelidados, prestaram um serviço ao próprio aprimoramento de Antunes. Enquanto a seqüência de montagens trágicas gregas, dirigidas nos anos passados, eram, sobretudo, desdobramentos dos resultados surgidos nos PPs, de certa maneira, condicionando o diretor a complementação do processo, pouco de fato se viu de sua mão autoral, ainda que uma visão de mundo muito particular fosse oferecida na compreensão do texto.
Se por um instante a independência dos PPs levaram Antunes à solidão, por outro, o inquieto investigador se colocou em frente ao espelho de sua história e respondeu aos desacertos com a impecável montagem de "A Pedra do Reino", de Ariano Suassuna, em cartaz no Sesc Consolação, SP. A impossível transposição da literatura para o palco concretiza o que há de melhor em Antunes, em um espetáculo histórico e sem dúvida alguma marco de sua trajetória recente.
Ribeirão assiste agora a nova seqüência de "Prêt-à-Porter", enfatizando o discurso de alguns no apontar a importância da descentralização da produção profissional das principais capitais. Possibilitar ao processo maior ênfase na experimentação, desassociado da crítica analítica, que se fundamenta quase sempre pelo entendimento da obra enquanto produto acabado, é uma das vantagens das cidades periféricas e do público, que, de modo geral, têm escancarado à sua frente o elemento mais significativo de qualquer criação: a investigação.
Com o tempo, "Prêt-à-Porter" foi se consolidando na cena paulista, e a seqüência dos trabalhos abarcaram outras cidades dentro e fora do país. Novamente, Antunes Filho estabelecia paradigmas no processo de criação teatral.
Que o ator é seu ponto inicial e final de construção estética sabemos a muito. O diferencial ocorreu na organização e coordenação de um processo onde o ator é fundamentalmente criador, do texto à voz e interpretação, sem interferência determinante do diretor.
A radicalidade do que parece em primeiro instante óbvio e simples, ou seja, o ator como pilar central, foge da percepção do público, ao fim espectador apenas das cenas curtas. É preciso compreender que a visão do ator-criador não é nova e pode ser buscada dentro da história sob vários vieses. A diferença, portanto, encontra-se na união entre o método de preparação do ator desenvolvido ao longo das últimas décadas por Antunes Filho e a sua utilização em discurso criativo.
Aos poucos, Antunes chegou ao impasse de ter igualmente um trabalho de aprofundamento técnico da poesia dramatúrgica. Nesse mesmo encontro de 1997, afirmou categoricamente: "só teremos novamente bons atores quando tivermos novos bons dramaturgos". Com o passar dos anos, o Centro de Pesquisa Teatral (CPT) passou a abrigar igualmente um espaço destinado a jovens dramaturgos.
Hoje, "Prêt-à-Porter" dialoga com essa criação textual, oferecendo-se como concretização do texto e estímulo de criação.
Os PPs, como foram apelidados, prestaram um serviço ao próprio aprimoramento de Antunes. Enquanto a seqüência de montagens trágicas gregas, dirigidas nos anos passados, eram, sobretudo, desdobramentos dos resultados surgidos nos PPs, de certa maneira, condicionando o diretor a complementação do processo, pouco de fato se viu de sua mão autoral, ainda que uma visão de mundo muito particular fosse oferecida na compreensão do texto.
Se por um instante a independência dos PPs levaram Antunes à solidão, por outro, o inquieto investigador se colocou em frente ao espelho de sua história e respondeu aos desacertos com a impecável montagem de "A Pedra do Reino", de Ariano Suassuna, em cartaz no Sesc Consolação, SP. A impossível transposição da literatura para o palco concretiza o que há de melhor em Antunes, em um espetáculo histórico e sem dúvida alguma marco de sua trajetória recente.
Ribeirão assiste agora a nova seqüência de "Prêt-à-Porter", enfatizando o discurso de alguns no apontar a importância da descentralização da produção profissional das principais capitais. Possibilitar ao processo maior ênfase na experimentação, desassociado da crítica analítica, que se fundamenta quase sempre pelo entendimento da obra enquanto produto acabado, é uma das vantagens das cidades periféricas e do público, que, de modo geral, têm escancarado à sua frente o elemento mais significativo de qualquer criação: a investigação.
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