TEATRO EM RISCO
O teatro em Ribeirão Preto corre riscos. A dificuldade produtiva e o isolamento são conseqüências da falta de melhor planejamento político que, sem propostas e projetos conscientes de suas necessidades, limita-se a ações isoladas de produtores interessados no lucro rápido e não propriamente no valor artístico, acabando por reduzir os espetáculos visitantes a meras explorações comerciais quase sempre com figuras televisivas. O celeiro financeiro disponível por um público vasto, heterogêneo e carente de opções atinge até a grandes nomes, que aproveitam para elevar abusivamente seus cachês.
À população fica a sensação de inclusão, enquanto por detrás de tais presenças muitos saem favorecidos: produtores com as agigantadas cifras de suas porcentagens, governos sem políticas públicas, organizadores e patrocinadores de festividades, artistas medianos exploradores da mídia etc.
Em 1995, José Celso Martinez Correa fizera em Ribeirão Preto a estréia de "Bacantes", levando ao Teatro de Arena 2.653 pessoas, mais convidados, entre os quais os principais representantes da mídia paulistana e carioca, além de estrangeiros, comprovando que a distância não afasta e tampouco exclui. Isso em outra época, quando a população pôde assistir ainda a artistas como Rubens Corrêa, Paoli Quito, Galpão, Romero de Andrade...
Sem políticas responsáveis, Ribeirão sucumbe à falta de parâmetros discursivos. E quem perde com isso é a população, em grande maioria impossibilitada de ir a outras praças ou à capital.
A criação sitiada e sem diálogo com criadores importantes como Antunes Filho, Satyros, Vertigem, Folias, Bartolomeu de Depoimentos, Latão, Grupo XIX, Cemitério de Automóveis, Oficina, Parlapatões, São Jorge de Variedades, Pombas Urbanas, Gerald Thomas, Pia Fraus, Ágora, Kaus, Nau de Ícaros, Truks, Tapa, sem contar a imensa produção e discussão sobre nova dramaturgia, espetáculos estrangeiros e companhias de dança (limitando-nos a São Paulo), acaba enfraquecendo a percepção sobre as questões abordadas: da história contemporânea ao comportamento, do desenvolvimento estético ao instrumental de comunicação.
Cabe aos artistas introduzir na sociedade reflexões muitas vezes só possíveis no plano utópico, e restringir a imaginação crítica é antes de tudo impedir a reflexão. Fortalecer o intercâmbio, portanto, deveria ser prioridade das políticas culturais.
Em muitos países a experimentação artística surge nas cidades interioranas. Estar nas capitais é fruto de mérito conquistado não pelo julgamento especializado, mas pelo reconhecimento junto ao leigo. Tal percurso faz com que muitos artistas sejam gerados em suas próprias cidades como conseqüência das culturais locais, abrindo maior gama de possibilidade no lidar com a realidade representada no todo por uma cultura heterogênea verdadeiramente nacional.
Estaremos cada vez mais longe da democratização do pensamento enquanto submetermos as culturas locais aos parâmetros da expressão produtificada e desenhada por interesses corporativos. E enquanto a população e artistas não exigem de seus governantes uma postura eficiente e comprometida, resta o tentar filtrar o que nos é oferecido para compreender de fato com o que dialogamos.
http://www.gazetaderibeirao.com.br/
À população fica a sensação de inclusão, enquanto por detrás de tais presenças muitos saem favorecidos: produtores com as agigantadas cifras de suas porcentagens, governos sem políticas públicas, organizadores e patrocinadores de festividades, artistas medianos exploradores da mídia etc.
Em 1995, José Celso Martinez Correa fizera em Ribeirão Preto a estréia de "Bacantes", levando ao Teatro de Arena 2.653 pessoas, mais convidados, entre os quais os principais representantes da mídia paulistana e carioca, além de estrangeiros, comprovando que a distância não afasta e tampouco exclui. Isso em outra época, quando a população pôde assistir ainda a artistas como Rubens Corrêa, Paoli Quito, Galpão, Romero de Andrade...
Sem políticas responsáveis, Ribeirão sucumbe à falta de parâmetros discursivos. E quem perde com isso é a população, em grande maioria impossibilitada de ir a outras praças ou à capital.
A criação sitiada e sem diálogo com criadores importantes como Antunes Filho, Satyros, Vertigem, Folias, Bartolomeu de Depoimentos, Latão, Grupo XIX, Cemitério de Automóveis, Oficina, Parlapatões, São Jorge de Variedades, Pombas Urbanas, Gerald Thomas, Pia Fraus, Ágora, Kaus, Nau de Ícaros, Truks, Tapa, sem contar a imensa produção e discussão sobre nova dramaturgia, espetáculos estrangeiros e companhias de dança (limitando-nos a São Paulo), acaba enfraquecendo a percepção sobre as questões abordadas: da história contemporânea ao comportamento, do desenvolvimento estético ao instrumental de comunicação.
Cabe aos artistas introduzir na sociedade reflexões muitas vezes só possíveis no plano utópico, e restringir a imaginação crítica é antes de tudo impedir a reflexão. Fortalecer o intercâmbio, portanto, deveria ser prioridade das políticas culturais.
Em muitos países a experimentação artística surge nas cidades interioranas. Estar nas capitais é fruto de mérito conquistado não pelo julgamento especializado, mas pelo reconhecimento junto ao leigo. Tal percurso faz com que muitos artistas sejam gerados em suas próprias cidades como conseqüência das culturais locais, abrindo maior gama de possibilidade no lidar com a realidade representada no todo por uma cultura heterogênea verdadeiramente nacional.
Estaremos cada vez mais longe da democratização do pensamento enquanto submetermos as culturas locais aos parâmetros da expressão produtificada e desenhada por interesses corporativos. E enquanto a população e artistas não exigem de seus governantes uma postura eficiente e comprometida, resta o tentar filtrar o que nos é oferecido para compreender de fato com o que dialogamos.
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