Antro Particular

22 julho 2011

Cultura Brasileira, uma quase ficção 8


capítulo 1.
Nervoso, Palocci anda de um lado a outro pelos corredores do Senado.
Palocci: Sarney? O que você tá fazendo ai?
Sarney: Oi... Eu to arrumando umas coisas aqui.
Palocci: Você tá arrancando uma parte da exposição, é isso mesmo?
Sarney: Não, imagina.
Palocci arranca de sua mão.
Palocci: Foi o Collor quem pediu isso?
Sarney: Não fala assim, ele é tão amigo meu quanto de vocês.

capítulo 2.
Alguém: Sr. Ministro, já pode entrar.
Palocci: Você vem comigo?
Sarney: Tô fora.
Palocci: Preciso de alguém com experiência em se safar.
Sarney: Esquece.
Alguém: Sr. está na hora, por favor.
Palocci sai correndo pelos corredores. Ao passar do Senado para a Câmara é interrompido por uma figura.
Caseiro: Bom dia, Palocci. Seu telefone tá tocando, não vai atender?

capítulo 3.
Palocci: Alô?
Lula: Vai pra sala agora, porra!
Palocci: Mas pai, eu...
Lula: Engole esse choro e vai fazer o que tem que ser feito.
Palocci: Eu vou falar com a minha mãe.
Lula: Desde quando ela manda alguma coisa?
Palocci: Ela é a presidente, caramba.
Lula tem um ataque de riso.
Lula: Não me faça a ir a Brasília de novo! Já não chega ter que tomar conta dela?

capítulo 4.
Na comissão formada pelo PT.
Alguém: Então você ficou bem rico, heim?
Palocci: Quem é?
Alguém: E não dividiu com o seu partido do coração?
Palocci: Se mostre desgraçado...
Alguém: Quero minha parte.
Palocci: Eu não tenho dinheiro aqui.
Alguém: Não quero em dinheiro. Quero voltar.
Palocci: Dirceu? É você?
Zé Dirceu: Oi, otário. Pode me chamar de PT.

capítulo 5.
Palocci: ... foi isso que aconteceu.
Dirceu: Ótimo. Então devolva o dinheiro e dou um jeito de te salvar dessa.
Palocci: Está na minha sala.
Os dois saem.
Minutos depois, ele abre um cofre escondido.
Dirceu: O que é isso, porra? Tá tudo sujo de rosa. Isso é dinheiro roubado!
Palocci: Não. É que já faz tempo que tô juntando. A tinta era vermelha. Juro. Só tá desbotada.

capítulo 6.
Dilma entra sem avisar.
Dilma: Que bagunça é essa no meu ministério?
Palocci: Mãe é o PT...
Dilma: Zé, se manda daqui.
Zé Dirceu: Se eu sair, ele entra.
Dilma: Quem?
Lula chega também sem avisar.
Lula: Que zorra é essa no meu ministério?
Dilma: Seu?
Lula: De quem mais?
Dilma: Então tá. Vou atrás de outro padrinho.

capítulo 7.
Ao telefone.
Dilma: E ele só me destrata na frente de todo mundo. To cansada disso. Você pode me ajudar? Acho que to perdendo o controle de tudo.
Do outro lado, a pessoa tem um acesso de riso.
Dilma: Não me trate assim!
FHC: Desculpe, Dilma. Acho que você precisa relaxar um pouco. Só isso.

Dilma: Como?
FHC: Você fuma? Tenho um cigarrinho maravilhoso aqui...

capítulo 8.
Dilma entregue aos baseados recebe a comissão de educação e cultura.
Dilma: E vocês querem mudar as cartilhas? Ok.
Alguém: Mesmo?
Dilma: O Haddad tá sabendo?
Alguém: Sim. Ele aprova.
Dilma: Pra todas as escolas?
Alguém: Mais pros adultos.
Dilma: Quem vai escrever as novas?
Alguém: O Tiririca.
Dilma: Eu gosto desse cara. Ele é engraçado. Alguém tem seda ai?

capítulo 9.
Dilma e FHC puxam fumo no jardim do Palácio.
Dilma: O Lula disse que ia colocar traves pra aproveitar o gramado.
Alguém: Presidente?
Dima e FHC juntos: Sim?
Os 2 riem.
Alguém: A Sra. assinou isso?
Dilma: Talvez. Deixaram anotado, mas eu precisava de papel pra.... uma coisa aí.
Os 2 gargalham.
Alguém: As 2 cartilhas?
FHC: 2? Gulosa.
Dilma: É a larica.
Choram de rir.

capítulo 10.
No dia seguinte.
Pastor: Não pode incentivar eles serem gays!
Dilma: É pra ensinar a não ter preconceito.
Pastor: Deus é contra gays. Você tá dizendo que ele é preconceituoso? Manda recolher!
Dilma: Vocês não me dão ordem, porra.
Pastor: Então deixamos o governo.
Ela pega o telefone.
Dilma: Haddad? O carregamento com a cartilha gay já foi? Mudei de ideia.

capítulo 11.
Madrugada, vielas da periferia de Brasília.
FHC: To sem grana.
Dilma: Caramba, também.
FHC: Palocci?
Dilma: Tá trancado no quarto. Deixa o cara.
FHC: Mas sem dinheiro não tem baseado.
Dilma: Já sei. Me dá um segundo.
Pelo telefone.
Dilma: Ana?
Ana de Hollanda: Oi.
Dilma: Seguinte. Vou precisar de volta o dinheiro daquelas diárias que paguei pelos teus dias de folga.

capítulo 12.
Por telefone.
Rui Falcão: Só porque roubou não quer dizer que é desonesto.
Dilma: Querem saber o que penso. Não consigo decidir a posição do Banco Central, como agir com a inflação, com a droga do dólar, nem sobre a Copa do Mundo consigo agir! Agora vou ter que decidir sobre o Palocci?
Rui F.: Veja se consegue até amanhã. Crio uma polêmica e enrolo a imprensa.

capítulo 13.
Pronunciamento na tevê.
Dilma: Ontem, por uma necessidade pessoal, fui até a periferia de Brasília e descobri que ainda há miséria no nosso país. Os acontecimentos recentes merecem uma resposta ágil e direta. Não podemos perder essa chance. Mandei colocar duas traves no jardim pra nossos talentosos garotos pobres treinarem. Tenho certeza, a próxima Copa é nossa!

capítulo 14.
Inauguração do campinho “Terra do Futebol” improvisado no gramado central do Palácio do Planalto.
Ana de Hollanda canta o Hino Nacional.
É interrompida por vaias.
Depois...
Dilma: Ana, onde você aprendeu a cantar o hino? Isso foi horrível.
Ana: Queria ser popular, moderna. Puxei na internet a versão do Luan Sanatana.

capítulo final.
Dilma: Não acho que deva sair, Ana.
Ana: Como vamos acalmar todo mundo?
Dilma: Deixa comigo. Sempre dou um jeito.
Ana: Só mais uma coisa, Dilma...
Dilma: O que?
Ana: Na secretaria nova que eu tô criando, de Economia Criativa, teremos várias interfaces com outros ministérios...
Dilma: E?
Ana: Dá pra deixar o Palocci ocupado um pouquinho? Queria que desse certo.

epílogo imprevisto.
Mantega: Quanto?
Dilma: 20 bilhões/ano.
Mantega: Não.
Dilma: Ache eles, porra.
Mantega: Como?
Dilma: Dá bolsa família, monta cisterna, curso profissionalizante, sei lá. Só não quero mais ouvir falar do Palocci, Código Florestal e o cacete.
Mantega: Não era pra segurar os gastos?
Dilma: Se o povo achar que tá tudo bem, vai continuar gastando. Depois ele que se vire.

... fim.

pós-epílogo.
Governador: Converteu tudo em entretenimento?
Secretário: Quase, só faltam os alternativos.
Governador: Ponha o que sobrar na geladeira.
Secretário: Que faço com o que já está lá?
Governador: Manda pro MinC. Eles que inventem um novo edital pro resto. As pessoas adoram editais.
Em Brasília...
Ana de Hollanda: Manhê, olha o que ele fizeram comigo?

(colaboração com o pós-epílogo Lúcio Agra)