GOB SQUAD: É possível ir além das convenções teatrais
Não falo apenas sobre estruturas aparentemente rígidas como personagem, enredo, conflito, diálogo; tampouco de mecanismos como iluminação, cenografia e sonoplastia. O teatro se faz com isso tudo, sim, mas também na armadilha da manipulação desses elementos, na escolha pela ausência de um e outro, no desconstruir parâmetros clássicos.
O coletivo britânico-alemão Gob Squad, traz de volta a São Paulo, no Sesc Paulista, a performance teatral Super Night Shot, onde quatro atores, com objetivos individuais e uma meta em comum, saem às ruas com filmadoras, pelas quais registram a si mesmos durante uma hora.
Super Night Shot arrisca manter o tradicionalismo da linguagem teatral adequando-a a uma forma performática, e estabelece, através da presença de personagens, o paradigma de onde então se situa o teatro.
A opção próxima a da performance em manter o próprio indivíduo como base arquetípica contrapõe-se pelo jogo narrativo sugerido pela direção, quando quebra o realismo e parte ao espaço público, urbano sobretudo, para intervenções explicitamente irreais.
Sabemos ser o herói apenas um ator, não mais pelo estar sobre um palco, mas pelo não-reconhecimento dos aspectos pelos quais lemos um herói. Entendemos a fraude do falso personagem e aceitamos como uma convenção teatral. Dessa maneira, a desconstrução original serve a reconstrução clássica, quando o ator passa a ser instrumento de uma personagem para que dele traga à tona um conflito, a narrativa decorrente e um objetivo moral.
No fim, trata-se de questões morais. A relação com o meio, a manifestação dessa relação em contextos sociais e culturais, a padronização de comportamentos. Super Night Shot invade todas essas questões para acrescentar ruído à maneira como as percebemos. Escancara pela inadequação um espelhamento do que temos por correto moralmente. E enquanto nos percebemos divertindo-se com essa oposição, não nos damos conta da quebra de tradições e alto teor provocativo sobre nossas certezas.
Gob Squad apresenta a possibilidade concreta de irmos além das convenções sem necessitar entretanto de um rompimento com a base clássica. Eficaz teatro aonde a performance, música, vídeo e interpretação vão além da obviedade permeando a improvisação por regras objetivas e um sistema formal de soluções práticas.
Competir com o teatro das salas de espetáculo requer competência e criatividade. O que não parece ser uma dificuldade para o coletivo.
Porém, um processo que se estende conceitualmente desde meados dos anos 90, mostra-se paralelamente esgotado em si mesmo, quando necessita a superação do estágio atual por outras fórmulas de sustentação. A surpresa irônica perde força em uma segunda olhada para permanecer apenas como uma boa idéia. Única? Talvez.
Será preciso buscar na própria estrutura original do pensamento dos artistas outras motivações capazes de aprofundar o ir às ruas, o trazer o público como coadjuvante. Do contrário, como já se vê por aí, outros surpreenderão como novos dizeres, nem sempre melhores ou tão bons.
O coletivo britânico-alemão Gob Squad, traz de volta a São Paulo, no Sesc Paulista, a performance teatral Super Night Shot, onde quatro atores, com objetivos individuais e uma meta em comum, saem às ruas com filmadoras, pelas quais registram a si mesmos durante uma hora.
Super Night Shot arrisca manter o tradicionalismo da linguagem teatral adequando-a a uma forma performática, e estabelece, através da presença de personagens, o paradigma de onde então se situa o teatro.
A opção próxima a da performance em manter o próprio indivíduo como base arquetípica contrapõe-se pelo jogo narrativo sugerido pela direção, quando quebra o realismo e parte ao espaço público, urbano sobretudo, para intervenções explicitamente irreais.
Sabemos ser o herói apenas um ator, não mais pelo estar sobre um palco, mas pelo não-reconhecimento dos aspectos pelos quais lemos um herói. Entendemos a fraude do falso personagem e aceitamos como uma convenção teatral. Dessa maneira, a desconstrução original serve a reconstrução clássica, quando o ator passa a ser instrumento de uma personagem para que dele traga à tona um conflito, a narrativa decorrente e um objetivo moral.
No fim, trata-se de questões morais. A relação com o meio, a manifestação dessa relação em contextos sociais e culturais, a padronização de comportamentos. Super Night Shot invade todas essas questões para acrescentar ruído à maneira como as percebemos. Escancara pela inadequação um espelhamento do que temos por correto moralmente. E enquanto nos percebemos divertindo-se com essa oposição, não nos damos conta da quebra de tradições e alto teor provocativo sobre nossas certezas.
Gob Squad apresenta a possibilidade concreta de irmos além das convenções sem necessitar entretanto de um rompimento com a base clássica. Eficaz teatro aonde a performance, música, vídeo e interpretação vão além da obviedade permeando a improvisação por regras objetivas e um sistema formal de soluções práticas.
Competir com o teatro das salas de espetáculo requer competência e criatividade. O que não parece ser uma dificuldade para o coletivo.
Porém, um processo que se estende conceitualmente desde meados dos anos 90, mostra-se paralelamente esgotado em si mesmo, quando necessita a superação do estágio atual por outras fórmulas de sustentação. A surpresa irônica perde força em uma segunda olhada para permanecer apenas como uma boa idéia. Única? Talvez.
Será preciso buscar na própria estrutura original do pensamento dos artistas outras motivações capazes de aprofundar o ir às ruas, o trazer o público como coadjuvante. Do contrário, como já se vê por aí, outros surpreenderão como novos dizeres, nem sempre melhores ou tão bons.
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